CRÔNICA ESPECIAL - Paróquia Imaculada - 15 ANOS!!!!!!


BASTIDORES

Coisas boas, coisas estranhas, coisas engraçadas
 - Domingos Almeida -

            Um pouco, ou muito diferente da proposta do Padre Josimar, não tratarei dos 15 anos da Paróquia. Usando nomes fictícios; de forma despretensiosa e de acordo com meu ponto de vista, falarei de coisas que aconteceram antes de a Comunidade Imaculada se transformar em paróquia.
            Do início da comunidade até ela se transformar em paróquia aconteceram muitas coisas: coisas boas, coisas estranhas, coisas engraçadas.
            A Comunidade já existia e precisava de uma área para construção da igreja. Alguém achou um terreno adequado e ficou acertado que lá seria a igreja. Quase tudo deu certo, só faltou uma coisa: o dinheiro.
            Surgiu um outro local, onde é a Igreja Imaculada, mas o proprietário, por razões particulares, não quis fazer negócio com a Igreja. Pouco tempo depois o proprietário morreu, e logo em seguida a viúva negociou dois terrenos com a Igreja. Ela doou um e vendeu o outro. Isso prova que Deus é Deus mesmo.
            Quando o trator entrou no lote para fazer a terraplanagem, tinha uma pequena árvore na parte da frente. Foi pedido ao tratorista que não arrancasse a árvore, e que cuidasse dela como se estivesse cuidando de seu próprio corpo. Sobre essa parte do corpo do tratorista ninguém falou nada não, escrevi por minha conta. Em breve aquela “arvinha” seria um “arvão” e faria sombra no terreno. Por aí já se percebe que árvore é coisa que sempre fez parte da história da Paróquia. Recentemente esta árvore precisou ser cortada, mas enquanto viveu, ela cumpriu seu papel na natureza.
            Terminada a terraplanagem; com a intenção de ser provisório, foi construído um barraco nos fundos da propriedade adquirida. O que era para ser apenas um barraco provisório acabou se transformando em uma construção que está de pé até hoje atrás da Igreja Imaculada. Nesse período surgiram os primeiros dilemas, alguns queriam a construção do barraco, outros não queriam, e outros não se manifestaram. Os que não queriam a construção do barraco sugeriram que se fizesse um projeto estrutural e arquitetônico definitivo e investisse nele o pouco dinheiro que havia. Sem terminar a discussão, para o susto de muita gente, de uma hora para outra o barraco apareceu de pé. A construção inesperada provocou discussões na época. Variadas consequências da obra sem projeto foram inevitáveis.
            Bem, como o barraco já era uma realidade, a Comunidade, sem opção de escolha, passou a trabalhar na complementação da construção. O serviço era feito aos sábados, e pessoas de boa vontade, poucas infelizmente, deram continuidade à obra. O trabalho era desenvolvido pelos adultos, e às vezes contava com alguma criança. “O trabalho da criança é pouco, mas quem o rejeita é louco.” As mulheres faziam o trabalho de “vanguarda”, como a preparação das refeições para os voluntários. Eta comida gostosa! Dois senhores idosos, ambos já falecidos, sempre marcavam presença no mutirão, o que eles não conseguiam fazer com braços e pernas, faziam com a boca. O tempo todo os dois contavam histórias engraçadas que arrancavam gargalhadas de todos. O ambiente era sempre muito descontraído. E assim a construção ficou mais ou menos pronta.
            Dentro de pouco tempo a primeira construção ficou pequena para acomodar os fiéis. A Comunidade se mobilizou para iniciar uma nova construção, que seria a igreja definitiva. A ideia era não repetir o erro do passado, a nova construção não deveria ser iniciada sem o projeto estrutural e arquitetônico. Pasme! A história se repetiu e a construção da atual Igreja Imaculada seguiu sem projeto.
            Em um dos mutirões o padre estava presente, e vale lembrar que não era o Padre Josimar. Por provocação, eu me dirigi até o padre com intuito de que ele me mostrasse o “projeto inexistente da construção”. Pasme novamente. Quando me aproximei, antes de eu falar qualquer coisa, ele se agachou junto com outras pessoas e começou a riscar no chão para decidir em que ponto poderia ficar a sacristia. Até hoje eu não sei por que não entrei em estado de desespero, na verdade eu até sei. Não bastassem as consequências da primeira construção, não demorou muito tempo para aparecerem as consequências da segunda. Mais uma vez sem opção, a comunidade deu prosseguimento à construção da Igreja Imaculada, que, em função da falta de um projeto, já passou por diversas adaptações.
            Praticamente as mesmas pessoas que ajudaram na primeira construção foram as mesmas que ajudaram na segunda, alguns novos voluntários se apresentaram. O que teve de ruim e de bom na primeira se repetiu na segunda.
Lembra quando eu mencionei que nos dias de mutirão o ambiente era sempre muito descontraído? Então, essa descontração era uma das marcas no dia de mutirão. Das muitas histórias, escondendo o santo e mostrando o milagre, peço licença para contar esta:
            A Igreja alugou uma betoneira, e um dos companheiros se dispôs a operá-la. O carinho, o cuidado e o ciúme dele pela betoneira eram tão grandes que o pessoal apelidou a betoneira com o nome da mulher do operador, mas como isso não daria certo, e claro que não daria, a betoneira passou a ser chamada de Chiquinha. Quando se dizia “Chiquinha”, estava se referindo à betoneira, mas ao mesmo tempo estava se remetendo ao nome da pobre mulher do amigo que com tanto zelo operava a betoneira. Que malvadeza, né!? Todo mundo sabia da história, menos o marido da Chiquinha, claro. De tempo em tempo alguém dizia: “Bota óleo na Chiquinha!”, “Põe água na Chiquinha!”. “Põe a Chiquinha para funcionar!” Como o marido da Chiquinha não sabia da safadeza de seus companheiros de “fé e igreja”, de vez em quando ele mesmo fazia piada com a Chiquinha. Certa vez ele disse o seguinte para um dos anciãos que já mencionei acima. Senhor Fulano, apesar de o senhor já estar meio velho e cansado, será que o senhor dá conta de dar uma lavada na Chiquinha enquanto eu tomo café? Esse companheiro ancião era muito brincalhão, mas ao mesmo tempo ele era muito respeitoso. Ao ouvir o pedido do marido da Chiquinha, ele ficou muito vermelho e muito sem graça. Nós, que ríamos sempre das coisas da Chiquinha, nesse dia acabamos rindo muito foi do companheiro ancião. Acredite, enquanto esse senhor lavava a betoneira, nós ríamos muito, mas ele não esboçou um sorriso sequer. Pois é né, respeito é sempre respeito. O ponto alto aqui não é a história da Chiquinha, mas o respeito que esse senhor demonstrou a todos nós. 
            Sem projeto, a edificação da igreja prosseguiu. Certa vez apareceu na construção um conhecido “engenheiro de obra pronta”. Quando ele disse que foi até lá para ver se o andamento da obra estava correto, alguém logo emendou: Não tem como uma obra sem projeto estar correta. O visitante se defendeu dizendo: Agora vocês reclamam, mas eu estive aqui tal dia para discutirmos o projeto, mas ninguém da comunidade compareceu. Terminada essa fala, outra pessoa da comunidade se justificou com convicção: Perdão, meu camarada, mas nesse dia eu e mais duas pessoas ficamos aqui o dia todo e em nenhum momento o senhor apareceu! O visitante, meio exaltado, disse: Você está duvidando de mim? Eu tenho testemunhas! O membro da comunidade pacificamente disse o seguinte: Numa conversa entre homens, aquele que tem convicção não precisa de testemunha, a palavra é suficiente.A obra seguiu do jeito que foi possível.
            Ventos fortes sopraram a favor da Comunidade e também sopraram contra, mas ela foi edificada sobre a rocha, e por isso se mantém firme.