Informação Especial - 19/04 - O Papa no Regina Coeli: não existe um cristianismo à distância
Papa Francisco no Regina Coeli (Vatican Media)
O Papa no Regina Coeli: não existe um cristianismo à
distância
Francisco
recordou que o Evangelho deste domingo é caracterizado por três verbos muito
concretos, que em certo sentido refletem nossa vida pessoal e comunitária:
olhar, tocar e comer. O Santo Padre voltou à janela do Palácio Apostólico com
vista para a Praça São Pedro de onde rezou com fiéis a oração do Regina Coeli.
Silvonei
José - Vatican News
Jesus
não é um "fantasma", mas uma Pessoa viva. Ser cristãos não é antes de
tudo uma doutrina ou um ideal moral, é uma relação viva com Ele, com o Senhor
Ressuscitado: foi o que disse o Papa Francisco na alocução que precedeu o
Regina Coeli, a oração do tempo pascal. Neste 18 de abril, Francisco voltou à
janela do Palácio Apostólico com vista para a Praça São Pedro de onde rezou com
fiéis a oração mariana.
No
terceiro domingo da Páscoa, o Santo Padre recordou que voltamos a Jerusalém, ao
Cenáculo, como se guiados pelos dois discípulos de Emaús, que haviam escutado
com grande emoção as palavras de Jesus no caminho e depois o reconheceram
"no partir do pão". Agora, no Cenáculo, o Cristo ressuscitado aparece
no meio do grupo de discípulos e os saúda, dizendo: "A paz esteja
convosco"! Mas eles estão
assustados – disse o Papa - e acreditam "que veem um fantasma". Então
Jesus lhes mostra as feridas em seu corpo e diz: "Olhem para minhas mãos e
meus pés: sou eu mesmo! Toquem em mim! E para convencê-los, ele pede comida e a
come sob o olhar atônito deles.
Há
um detalhe aqui nesta descrição, disse o Papa. O Evangelho diz que os
apóstolos, pela grande alegria, ainda não acreditavam.
"Tal
era a alegria que eles tinham que não podiam acreditar que era verdade. E um
segundo detalhe: eles ficaram atônitos, espantados, espantados porque o
encontro com Deus sempre os leva ao estupor. Vai além do entusiasmo, além da
alegria, é outra experiência. E eles estavam alegres, mas uma alegria que os
fazia pensar: mas não, isto não pode ser verdade, não, não pode...(?) assim...
É o estupor da presença de Deus. Não se esqueça deste estado de espírito, que é
tão bonito".
Esta
página do Evangelho – continuou Francisco - é caracterizada por três verbos
muito concretos, que em certo sentido refletem nossa vida pessoal e
comunitária: olhar, tocar e comer. Três ações que podem dar a alegria de um
verdadeiro encontro com Jesus vivo.:
"Olhem
para minhas mãos e meus pés" - diz Jesus. Olhar não é apenas ver, é mais,
envolve também intenção, vontade. É por isso que é um dos verbos do amor. Mães
e pais olham para seus filhos; os apaixonados se olham um para o outro; um bom
médico olha atentamente para seu paciente... Olhar é um primeiro passo contra a
indiferença, contra a tentação de virar nosso rosto diante das dificuldades e
sofrimentos dos outros. Olhar. Eu vejo ou olho Jesus?".
Em
seguida o Santo Padre falou do segundo verbo, tocar:
“Ao
convidar os discípulos a tocá-lo, para constatar que ele não é um fantasma,
toque-me, Jesus indica a eles e a nós que a relação com Ele e com os nossos
irmãos não pode permanecer "à distância", não existe um cristianismo
à distância, não existe somente um cristianismo no nível do olhar. O amor pede
para olhar e também a proximidade, pede contato, a partilha da vida. O bom
samaritano não se limitou a olhar para o homem que encontrou meio morto ao
longo da estrada: inclinou-se, curou suas feridas, e o carregou em seu cavalo e
o levou para a pousada. E assim com o próprio Jesus: amá-lo significa entrar
numa comunhão de vida, uma comunhão com Ele”.
Falando
depois do terceiro verbo, comer, disse que o mesmo expressa bem a nossa
humanidade na sua mais natural indigência, ou seja, nossa necessidade de nos
alimentarmos para poder viver:
“Mas
comer, quando o fazemos juntos, em família ou entre amigos, torna-se também uma
expressão de amor, de comunhão, de festa... Quantas vezes os Evangelhos nos
mostram Jesus que vive esta dimensão de convivência! Também ressuscitado, com
seus discípulos. Ao ponto de o Banquete eucarístico se tornar o sinal
emblemático da comunidade cristã. Alimentar-se juntos com o corpo de Cristo.
Este é o centro da vida cristã”.
O
Papa Francisco recordou que esta página do Evangelho nos diz que Jesus não é um
"fantasma", mas uma Pessoa viva, que Jesus quando se aproxima de nós
nos enche de alegria até ao ponto de não acreditarmos e nos deixa atônitos com
aquele estupor que somente a presença de Deus nos dá, porque Jesus é uma pessoa
viva.
Ser
cristãos - continuou o Santo Padre - não é antes de tudo uma doutrina ou um
ideal moral, é uma relação viva com Ele, com o Senhor Ressuscitado: “olhamos
para Ele, tocamos n’Ele, nos alimentamos d’Ele e, transformados por Seu Amor,
olhamos, tocamos e alimentamos os outros como irmãos e irmãs. Que a Virgem
Maria – concluiu - nos ajude a viver esta experiência de graça”.
Nas
últimas semanas, a janela do Palácio Apostólico permaneceu fechada em 21 de
março e 5 de abril, enquanto a recitação do Angelus em 28 de março, Domingo de
Ramos na Basílica de São Pedro, e o Regina Coeli do domingo passado - com o
Papa na Igreja do Santo Espírito, in Sássia, para a Festa da Divina Misericórdia
- foram conduzidos pelo Santo Padre ao término das duas celebrações.
O
primeiro lockdown do ano passado tinha mantido os fiéis distantes da Praça São
Pedro de 8 de março a 24 de maio, com o Papa conduzindo as orações dominicais
transmitidas ao vivo diretamente da Biblioteca do Palácio Apostólico. Depois
disso, o Pontífice havia retornado por alguns meses, até 20 de dezembro, a
recitar a oração dominical da janela de seu escritório que dá para a Praça São
Pedro. Depois, foi suspensa novamente a recitação com os fiéis na Praça até 7
de fevereiro, sendo novamente retomada até 14 de março e, por fim, como
mencionado, o último fechamento em 21 de março passado.