Informação especial - 26/04 - Que ninguém seja excluído de trabalho
Que ninguém seja excluído de trabalho
Nas
vésperas da Festa de S. José Operário, recordamos a Carta Apostólica “Patris
Corde” na qual o Papa Francisco afirma que “a perda de trabalho que afeta
tantos irmãos e irmãs e tem aumentado nos últimos meses devido à pandemia de
Covid-19, deve ser um apelo a revermos as nossas prioridades”.
Rui Saraiva –
Portugal
Estamos
a viver um ano dedicado a S. José. O Papa Francisco quis, assim, assinalar os
150 anos da declaração de S. José como padroeiro universal da Igreja proclamada
a 8 de dezembro de 1870 pelo Papa Pio IX.
Até
dezembro deste ano de 2021, a Igreja tem um tempo especial para celebrar S.
José. Segundo o Papa, “depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto
espaço no magistério pontifício como José, seu esposo”.
Francisco
publicou uma Carta Apostólica intitulada ‘Patris Corde’ que em português
podemos traduzir com a expressão “Com coração de pai”. Um documento que
sublinha várias dimensões da paternidade de S. José, tais como, a ternura, a
obediência, o acolhimento, a coragem criativa e também a sua missão como
trabalhador.
A
poucos dias de celebrarmos em todo o mundo o Dia do Trabalhador, na Festa de S.
José Operário que se assinala no 1º de maio, recordamos aqui o ponto 6 da Carta
Apostólica do Papa Francisco. Escreve o Santo Padre neste ponto que se intitula
“Pai trabalhador”:
“Um
aspeto que carateriza São José – e tem sido evidenciado desde os dias da
primeira encíclica social, a Rerum novarum de Leão XIII – é a sua relação com o
trabalho. São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir
o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a
alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho.
Neste
nosso tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente
questão social e o desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em
países onde se experimentou durante várias décadas um certo bem-estar, é
necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica
e do qual o nosso Santo é patrono e exemplo.
O
trabalho torna-se participação na própria obra da salvação, oportunidade para
apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias potencialidades e
qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da comunhão; o trabalho torna-se
uma oportunidade de realização não só para o próprio trabalhador, mas sobretudo
para aquele núcleo originário da sociedade que é a família. Uma família onde
falte o trabalho está mais exposta a dificuldades, tensões, fraturas e até
mesmo à desesperada e desesperadora tentação da dissolução. Como poderemos
falar da dignidade humana sem nos empenharmos para que todos, e cada um, tenham
a possibilidade dum digno sustento?
A
pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus,
torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. A crise do nosso
tempo, que é económica, social, cultural e espiritual, pode constituir para
todos um apelo a redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho
para dar origem a uma nova «normalidade», em que ninguém seja excluído. O
trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus feito homem não desdenhou o
trabalho. A perda de trabalho que afeta tantos irmãos e irmãs e tem aumentado
nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19, deve ser um apelo a revermos
as nossas prioridades. Peçamos a São José Operário que encontremos vias onde
nos possamos comprometer até se dizer: nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma
família sem trabalho!”
O
Papa na sua Carta Apostólica “Com coração de Pai” afirma ainda que em S. José
“nunca se nota frustração, mas apenas confiança”. Francisco frisa que “o seu
silêncio persistente não inclui lamentações, mas sempre gestos concretos de
confiança”. Por isso, “o mundo precisa de pais, rejeita os dominadores, isto é,
rejeita quem quer usar a posse do outro para preencher o seu próprio vazio;
rejeita aqueles que confundem autoridade com autoritarismo, serviço com
servilismo, confronto com opressão, caridade com assistencialismo, força com
destruição. Toda a verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo, que é a
maturação do simples sacrifício” – declara o Santo Padre.
“A
paternidade, que renuncia à tentação de decidir a vida dos filhos, sempre abre
espaços para o inédito. Cada filho traz sempre consigo um mistério, algo de
inédito que só pode ser revelado com a ajuda dum pai que respeite a sua
liberdade. Um pai sente que completou a sua ação educativa e viveu plenamente a
paternidade, apenas quando se tornou «inútil», quando vê que o filho se torna
autónomo e caminha sozinho pelas sendas da vida, quando se coloca na situação
de José, que sempre soube que aquele Menino não era seu: fora simplesmente
confiado aos seus cuidados. No fundo, é isto mesmo que dá a entender Jesus
quando afirma: «Na terra, a ninguém chameis “Pai”, porque um só é o vosso
“Pai”, aquele que está no Céu» (Mt 23, 9)” – escreve o Papa.
No
próximo 1º de maio celebra-se o Dia do Trabalhador na festa litúrgica de S.
José Operário. Uma altura oportuna para refletir, em tempo de pandemia, sobre
os problemas do trabalho e do emprego através das palavras do Papa Francisco na
invocação de S. José na sua dimensão de trabalhador no texto da Carta
Apostólica “Patris Corde”. Fica o desejo do Papa: “nenhum jovem, nenhuma
pessoa, nenhuma família sem trabalho!”
Laudetur
Iesus Christus