Boletim Semanal 28/06 a 05/07
Jesus
Homem e Jesus Deus
- Eduardo da Silva (Teddy) -
Fico
feliz por partilhar com a comunidade minhas experiências e aprendizado na
caminhada aqui no blog.
Quando
comecei a participar das reuniões do CPC, na comunidade onde eu era membro do
grupo de jovens, uma das coordenadoras disse certa vez “como o português do
nosso vigário é casto”. (Significado: que
não possui misturas, puro, sem desvio de sentido). É uma maneira de se
expressar de forma clara, onde a palavra colocada no lugar certo torna fácil o
entendimento. Exemplo desse uso são as falas e textos do Mário Sérgio Cortella.
Mesmo se não gostarmos do tema, por certo aprenderemos a força e o significado
de algumas palavras.
Este
nosso idioma nos permite ler a mesma palavra com sentido diferente. Tal qual a
expressão “ser Humano” ou “ser Humano”, lendo e ouvindo sem o contexto não as
diferenciamos em nada. Vamos distinguir então o sentido.
Ser humano -
criatura da espécie humana, indivíduo, pessoa, gente e Homo sapiens o termo
utilizado nas ciências.
Ser humano - indivíduo
bondoso, piedoso e compreensivo. Pessoa que tem princípios de caridade, de
ajudar o próximo e de cuidar dos outros no sentido humano(itário).
Isso
remete minhas lembranças a meados de 96 ou 97, não me lembro bem. Participei de
uma palestra no teatro Capitólio com o Padre Quevedo, Jesuíta e parapsicólogo
renomado. Estávamos naquela palestra meu amigo Rogério Firmiano, hoje da
Pastoral da Música da Comunidade São Judas, Padre Miguel Moreno SCJ e o Padre
Maurício Leão SCJ (o do português casto), um dos principais formadores da minha
adolescência.
Polêmicas
de seus discursos na TV à parte, Pe. Quevedo não palestrou, mas fez uma grande
pregação sobre Jesus Homem e Jesus Deus. Um trecho que nunca mais saiu da minha
cabeça:
Jesus era tão humano, tão
humano, tão humano que era Deus!” Ou seja humanitário.
Entre
um português claro e nossa fé, um dos mistérios da nossa doutrina nos desperta
uma curiosidade velada: Essa humanidade de Jesus e a Santidade de São Pedro e
São Paulo.
A
santidade de Pedro em Mt 16,18...
“Por
isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja,
e o poder do inferno nunca poderá vencê-la.”
Compreende-se
a santidade de Pedro perfeitamente quando lembrarmos que ele estava com Jesus
desde as Bodas de Caná. Ele viveu com Jesus e testemunhou toda a sua pública.
Pedro
viu os milagres um a um: ressuscitar Lázaro, curar leprosos, paralíticos, o
cego de Jericó entre outros. Pedro vivenciou Jesus humano(itário) ao jantar na
casa de Zaqueu, perdoar a mulher adúltera. Ele ouviu as parábolas saindo da
própria boca de Jesus, enquanto nós hoje lemos e tentamos compreender num
contexto completamente diferente.
Pensando
assim até parece ser justo a resposta de Pedro.
Mt
16,16-17
Simão
Pedro respondeu: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo".
Respondendo,
Jesus lhe disse: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um
ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu.
O
Pai é quem revela o Filho de Deus no coração. O Filho nos ensina o caminho
possível da salvação, sendo humano e humano(itário).
A
caridade, a humanidade (bondade) e o amor ágape é o mesmo desde o primeiro
milagre de Jesus até hoje. Na Igreja de Jesus, o mais importante é a pessoa
humana, criaturas de Deus, resgatadas por Ele.
Aquele
que é resgatado acolhe e resgata o seu próximo, não existindo assim nada mais
sagrado na doutrina do que os filhos de Deus.
R-e-s-g-a-t-a-r,
de novo no português, um verbo que pode demonstrar São Paulo Apóstolo,
considerado junto com São Pedro, as colunas da fé católica.
Aqui
já partilho com vocês um dos temas do Cursos de Pastoreio nas comunidades do
ano passado: “Paulo - Evangelizador e
Pastor”.
São
Paulo, humano como nós, é um testemunho a ser seguido.
Ele
não conheceu nem viveu com Jesus em sua vida pública, como nós.
Pastor
e missionário, fundou comunidades, formou discípulos, testemunhou Jesus Cristo
não só com ensinamentos, mas com vida de homem e vida humana(itária).
São
Paulo se colocava como servo, com humildade tinha a habilidade de se relacionar
com as comunidades, com afeto, atenção e amor. Atividades de um verdadeiro
pastor.
Em
cada comunidade buscava resgatar os sem “dignidade”, aqueles que eram os
isolados da época. Vamos entender:
Dignidade -
Característica ou particularidade de quem é digno; atributo moral que incita
respeito; autoridade. Atributo do que é grande; nobre.
Sem Dignidade - no
sentido pejorativo, pessoa considerada inferior, rebaixada e discriminada por
outros que ditam suas próprias leis, para tirar vantagens para si e seus
aliados.
Os
resgatados de antigamente: leprosos, viúvas, paralíticos, cegos, pobres,
considerados impuros ou castigados e, portanto, “sem dignidade”.
Os
isolados de hoje sofrem preconceitos e merecem o resgate: “você não pode
participar”, “quem vive assim não serve para comunidade”, “essas roupas, essas
músicas, esses amigos, essas ideias”, etc.
Por
trás de uma aparência representada existe um “isolado”, o qual Deus precisa ser
revelado.
Quem
dera imitarmos São Paulo, olhar para o próximo sem julgar pela nossa dignidade e
não avaliar pelas nossas regras.
Paulo
operou milagres em nome de Jesus, sendo humano como nós e humanitário como
Jesus.
“Uma
vida na terra ligada à caridade e compaixão liga ao céu.
Uma
vida de descaso ao próximo na terra nos desliga do céu.”