Crônica da semana - Religião é coisa de gente fraca...
AMIGO MEU
Religião é coisa de
gente fraca...
- Domingos Almeida -
Eu caminhava despreocupadamente pelo
centro da cidade. Não me lembro o que é que eu estava fazendo por lá, só sei
que eu tinha tempo de sobra.
Entre um conhecido e outro que passava,
a gente ia cumprimentando e era cumprimentado. Sempre gostei muito de
cumprimentar as pessoas na rua, herdei esse bom costume do meu pai. De repente
passou um velho conhecido, amigo de longa data e companheiro de igreja. Feitas
as tradicionais saudações, ele perguntou sobre minha vida na Igreja. Com muito
entusiasmo respondi ao que me foi perguntado. Em seguida, com o mesmo
entusiasmo, eu também fiz a mesma pergunta para ele, mas não obtive resposta.
No
lugar da resposta, o amigo falou da morte de um conhecido. Fiquei triste por
não ter sabido, o falecido também era meu companheiro de longa data e de
caminhada religiosa. Para amenizar minha tristeza, eu disse: “Bom, é mais um que triunfa na glória
de Deus, que ele interceda por nós lá do céu!” Dito isto, meu amigo contou que teve um sonho no qual um outro
falecido muito conhecido veio até a cama do falecido recente e disse: “Sua missão aqui na terra terminou,
Deus me mandou buscar você!”
Contado o sonho, me foi perguntado o
seguinte: “E aí, o que você achou do
sonho?” Eu disse: “Você mesmo já falou tudo, foi apenas
um sonho e nada mais que um sonho.”
Insatisfeito com a resposta, meu amigo retrucou: “Não, não foi apenas um sonho, foi uma revelação de Deus que nosso
amigo morreria e seria consolado por um conhecido na hora da morte.”
É..., a conversa ficou estranha, né!
Meu amigo insistiu: “Você não acredita nisso?” Respondi: “Não, eu não acredito! Num momento tão certo como a morte e unicamente
pertencente a Deus, Ele não precisa de mãos humanas para consolar seus filhos,
Deus é o próprio consolo.”
A conversa sobre a morte parou por aí,
e na sequência meu amigo resolveu responder à pergunta que eu tinha feito
anteriormente. Ele me disse o seguinte: “Então,
sobre a Igreja, sobre a religião, você vai se assustar; eu não participo mais
de nenhuma igreja e não tenho mais religião. Não participo de mais nada, minha
igreja e minha religião é o próprio Cristo.”
Acredite, ao ouvir tudo isso, eu não me assustei como ele previa, e também não
o julguei. Incomodado com meus instantes de silêncio, ele me perguntou: “E aí, o que você acha disso?” Não respondi nada, fiz apenas um
comentário: “Meu irmão, preste
atenção no que vou dizer, religião é
coisa de gente fraca, religião é coisa de pecador, religião é uma bengala para
quem precisa de apoio. Eu sou fraco, sou pecador, e preciso de apoio, é por
isso que eu tenho religião, eu preciso dela. Jesus não teve religião porque Ele
é forte, é santo, e não precisa de apoio. Se você chegou a esse estágio de
santidade, parabéns!”
Na despedida, meu amigo disse: “Jesus Cristo não pertenceu a nenhuma
igreja.” Eu completei: “Jesus Cristo não pertenceu a nenhuma
igreja, é a Igreja que pertence a Cristo.”