Agenda da Semana - 26/07 a 02/08


EDITORIAL
- Robson e Adriana Ladeira -


"Por isso, todo o escriba instruído sobre o reino dos Céus é semelhante a um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas." (Mt 13,52)

Podemos dividir o Evangelho deste domingo em três partes. A primeira parte aborda a descoberta do valor e da importância do Reino. Tanto a parábola do tesouro escondido como a parábola da pérola preciosa, sugerem que o Reino proposto por Jesus (Reino de paz, de amor, de fraternidade, de serviço e de reconciliação) é um "tesouro" precioso que os seus seguidores devem abraçar. Provavelmente, Mateus sugeriu aos cristãos de sua época (adormecidos numa fé morna, inconsequente, pouco exigente) e para cada um de nós hoje, que é preciso redescobrir e optar decisivamente por esse valor mais alto, que deve dar sentido às nossas vidas.
Na segunda parte, Mateus nos apresenta o Reino como uma rede que, lançada ao mar, apanha diversos tipos de peixes. Para o evangelista, o Reino não é um condomínio fechado, onde só há gente escolhida e santa, mas é uma realidade onde o mal e o bem crescem simultaneamente. Deus não tem pressa de condenar e destruir. Ele não quer a morte do pecador; por isso, dá ao homem o tempo necessário e suficiente para amadurecer as suas opções e para fazer as suas escolhas. A referência que Mateus faz (mais uma vez) ao juízo final é uma forma de exortar os irmãos da sua comunidade no sentido de escolherem decididamente o Reino e porem em prática as propostas de Cristo.

Na terceira parte do Evangelho, Mateus apresenta um breve diálogo entre Jesus e os discípulos. Neste diálogo temos uma espécie de conclusão de todo o capítulo. A teologia de Mateus sugere que o verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que “compreende" a mensagem de Jesus. Ora, "compreender", significa "prestar atenção" e comprometer-se com o ensinamento proposto. Os cristãos são, pois, convidados a descobrir a realidade do Reino, a entender as suas exigências, a comprometerem-se com os seus valores. A referência ao "escriba" que "tira do seu tesouro coisas novas e velhas" pode referir-se aos judeus, conhecedores profundos do Antigo Testamento (o "velho"), convidados agora a refletirem essas velhas promessas à luz das propostas de Jesus (o "novo"). É nessa dialética sempre exigente e questionante que o verdadeiro discípulo encontra o caminho para o Reino; e, depois de encontrar esse caminho, deve comprometer-se com ele de forma decisiva, exigente, empenhada.