Informação Especial - 08/03 - Papa em Mossul
Papa em Hosh al-Bieaa, a praça das 4 igrejas./ Foto: Iraqiya TV/Reuters TV via REUTERS
Papa
em Mossul
Na
manhã deste domingo, 7, o Papa chegou a cidade de Mosul e dirigiu-se a Hosh
al-Bieaa, a praça das 4 igrejas: sírio-católica, armeno-ortodoxa,
sírio-ortodoxa e caldeia, destruídas pelos ataques terroristas entre 2014 e
2017.
Um
sunita e o pároco local deram testemunho sobre as perdas e os deslocamentos
forçados na região. Logo após, o Papa fez uma breve saudação e rezou uma oração
pelas vítimas e pelo povo iraquiano.
Francisco
afirmou que “A trágica redução dos discípulos de Cristo, aqui e em todo o Médio
Oriente, é um dano incalculável não só para as pessoas e comunidades
envolvidas, mas também para a própria sociedade que eles deixaram para trás.
Com efeito, um tecido cultural e religioso assim rico de diversidade é
enfraquecido pela perda de qualquer um dos seus membros, por menor que seja,
como, num dos vossos artísticos tapetes, um pequeno fio rebentado pode
danificar o conjunto”. O Papa também destacou: “Como é cruel que este país, berço
de civilizações, tenha sido atingido por uma tormenta tão desumana, com antigos
lugares de culto destruídos e milhares e milhares de pessoas – muçulmanas,
cristãs, yazidis e outras – deslocadas à força ou mortas!”. E concluiu sua
saudação afirmando:
“Hoje,
apesar de tudo, reafirmamos a nossa convicção de que a fraternidade é mais
forte que o fratricídio, que a esperança é mais forte que a morte, que a paz é
mais forte que a guerra”
Oração
pelas vítimas da guerra
Francisco
fez uma breve premissa: “Antes de rezar por todas as vítimas da guerra nesta
cidade de Mosul no Iraque e em todo o Oriente Médio, gostaria de partilhar
convosco estes pensamentos:
Se
Deus é o Deus da vida – e é-o –, a nós não é lícito matar os irmãos no seu
nome.
Se
Deus é o Deus da paz – e é-o –, a nós não é lícito fazer a guerra no seu nome.
Se
Deus é o Deus do amor – e é-o –, a nós não é lícito odiar os irmãos.
Agora
rezemos juntos por todas as vítimas da guerra, para que Deus Onipotente lhes
conceda vida eterna e paz sem fim, acolhendo-as no seu abraço amoroso. E
rezemos também por todos nós para podermos, independentemente das respetivas
filiações religiosas, viver em harmonia e paz, conscientes de que, aos olhos de
Deus, todos somos irmãos e irmãs”.
Oração
Deus
Altíssimo, Senhor do tempo e da história, por amor criastes o mundo e nunca
cessais de derramar as vossas bênçãos sobre as vossas criaturas. Com terno amor
de Pai, acompanhais os vossos filhos e filhas, para além do oceano do
sofrimento e da morte, para além das tentações da violência, da injustiça e do
lucro iníquo.
Mas
nós homens, ingratos pelos vossos dons e distraídos pelas nossas preocupações e
ambições demasiado terrenas, muitas vezes esquecemos os vossos desígnios de paz
e harmonia. Fechamo-nos em nós mesmos e nos nossos próprios interesses e,
indiferentes a Vós e aos outros, fechamos as portas à paz. Assim se repetiu
aquilo que o profeta Jonas ouviu dizer de Nínive: a maldade dos homens subiu
até à presença de Deus (cf. Jn 1, 2). Não levantamos para o Céu mãos puras (cf.
1 Tm 2, 8), mas da terra subiu mais uma vez o grito do sangue inocente (cf. Gn
4, 10). Os habitantes de Nínive, na narração de Jonas, ouviram a voz do vosso
profeta e encontraram salvação na conversão. Também nós, Senhor, ao mesmo tempo
que Vos confiamos as inúmeras vítimas do ódio do homem contra o homem,
invocamos o vosso perdão e suplicamos a graça da conversão: Senhor, tende
piedade de nós! Senhor, tende piedade…
–
um momento de silêncio –
Senhor
nosso Deus, nesta cidade, dois símbolos testemunham o perene desejo da
humanidade se aproximar de Vós: a mesquita Al-Nouri com o seu minarete Al Hadba
e a igreja de Nossa Senhora do relógio. É um relógio que, há mais de cem anos,
lembra aos transeuntes que a vida é breve, e o tempo precioso. Ensinai-nos a
compreender que Vós nos confiastes o vosso desígnio de amor, paz e
reconciliação, para o realizarmos no tempo, no breve arco da nossa vida
terrena. Fazei-nos compreender que, só colocando-o em prática sem demora, será
possível reconstruir esta cidade e este país e curar os corações dilacerados
pela dor. Ajudai-nos a não gastar o tempo ao serviço dos nossos interesses
egoístas, pessoais ou coletivos, mas ao serviço do vosso desígnio de amor. E
quando nos transviarmos, concedei que possamos dar ouvidos à voz dos
verdadeiros homens de Deus e arrepender-nos a tempo, para não nos arruinarmos
ainda mais com destruição e morte.
Confiamo-Vos
as pessoas, cuja vida terrena foi abreviada pela mão violenta dos seus irmãos,
e imploramo-Vos também, para quantos fizeram mal aos seus irmãos e irmãs, que
se arrependam, tocados pelo poder da vossa misericórdia:
Dai-lhes,
Senhor, o eterno descanso, entre os esplendores da luz perpétua. Descansem em
paz. Amem.
Lápide
O
Papa também inaugurou uma lápide comemorativa no local. Na lápide está escrito:
“Em
comemoração à visita de Sua Santidade o Papa Francisco, como mensageiro de paz
e amor fraterno, à cidade de Mosul e à planície de Nínive. Aqui, onde os
cristãos sofreram o deslocamento obrigatório (2003-2017), o Papa orou pelo
difusão da paz e da justiça, convivência serena e fraternidade humana.”
Compromissos
anteriores
Na
manhã deste domingo, o Papa chegou a Erbil. Foi acolhido, no aeroporto, pelo
presidente da região autônoma do Curdistão iraquiano e pelas autoridades
religiosas e civis.
Em
seguida, se encontrou com o presidente e com o primeiro-ministro da região
autônoma. O encontro aconteceu na Sala Vip Presidencial do Aeroporto de Erbil.
O Papa retorna hoje ainda para Erbil, onde celebrará a Santa Missa no Estádio
“Franso Hariri”, às 10h (horário do Brasil).