Informação Especial - 11/03 - Francisco: o povo iraquiano tem o direito de viver em paz
Francisco: o povo iraquiano tem o direito de viver em paz
Na Audiência Geral
desta quarta-feira, o Papa Francisco recordou as etapas de sua recente viagem
apostólica ao Iraque. O Pontífice afirmou que "a guerra é sempre o monstro
que, na medida em que os tempos mudam, se transforma e continua a devorar a
humanidade".
A catequese do Papa
Francisco, na Audiência Geral desta quarta-feira (10/03), foi dedicada à sua
recente viagem apostólica ao Iraque de 5 a 8 deste mês.
Nos
últimos dias, o Senhor concedeu-me visitar o Iraque, realizando um projeto de
São João Paulo II.
Nunca antes um Papa tinha estado na terra de Abraão; a
Providência quis que
isto acontecesse agora, como sinal de esperança, após anos de guerra e
terrorismo e durante uma dura pandemia.
“Depois desta visita,
a minha alma está cheia de gratidão. Gratidão a Deus e a todos aqueles que a
tornaram possível: ao Presidente da República e ao Governo do Iraque; aos
Patriarcas e Bispos do país, com todos os ministros e fiéis das respectivas
Igrejas; às Autoridades religiosas, começando pelo Grão-Aiatolá Al-Sistani, com
quem tive um encontro inesquecível na sua residência em Najaf”, disse ainda
Francisco.
A
resposta é a fraternidade
“Experimentei o forte
sentido penitencial desta peregrinação: não podia aproximar-me daquele povo
martirizado, daquela Igreja mártir, sem carregar, em nome da Igreja católica, a
cruz que eles carregam há anos; uma grande cruz, como aquela colocada na
entrada de Qaraqosh”, frisou o Papa, afirmando que sentiu isso de forma
particular quando viu as feridas ainda abertas da destruição, e ainda mais
quando conheceu e ouviu “as testemunhas que sobreviveram à violência, à
perseguição e ao exílio”. “E ao mesmo tempo vi ao meu redor a alegria de
acolher o mensageiro de Cristo; vi a esperança de se abrir a um horizonte de
paz e fraternidade, resumida nas palavras de Jesus, que foram o lema da visita:
«Sois todos irmãos». Vi esta esperança no discurso do Presidente da República,
encontrei-a em muitas saudações e testemunhos, nas canções e nos gestos das
pessoas. Eu a li nos rostos luminosos dos jovens e no olhar vivaz dos idosos.
Pessoas que esperavam o Papa há cinco horas, de pé, até mesmo mulheres com
crianças no colo. Esperavam! Em seus olhos havia esperança". A seguir,
acrescentou:
O
povo iraquiano tem o direito de viver em paz, tem o direito de voltar a
encontrar a dignidade que lhe pertence. As suas raízes religiosas e culturais
são milenares: a Mesopotâmia é berço de civilização; na história, Bagdá foi uma
cidade de importância primordial, que durante séculos albergou a biblioteca
mais rica do mundo. E o que a destruiu? A guerra.
“A guerra é sempre o
monstro que, na medida em que os tempos mudam, se transforma e continua a
devorar a humanidade. Mas a resposta à guerra não é outra guerra, a resposta às
armas não são outras armas. E eu me perguntei: Quem vendia armas aos
terroristas? Quem vende hoje armas aos terroristas? Estão fazendo um massacre
em outros lugares, pensemos na África, por exemplo. É uma pergunta que eu
gostaria que alguém respondesse!”
A resposta é a
fraternidade. Eis o desafio para o Iraque, mas não só: é o desafio para muitas
regiões de conflito e, definitivamente, para o mundo inteiro, a fraternidade.
Seremos capazes de criar fraternidade entre nós, de criar uma cultura de
irmãos? Ou continuaremos com a lógica iniciada por Caim: a guerra. Irmandade,
fraternidade.