Informação Especial - 08/01 - Famílias na pandemia: tempo do cuidado
Famílias
na pandemia: tempo do cuidado
Com o longo período de
pandemia e o consequente isolamento social fez com que as famílias convivam de
forma mais próxima, restrita e intensa dentro de seus lares. Com isso muitas
situações de harmonia e equilíbrio puderam ser percebidas e aproveitadas. A Psicóloga
Janet Marize Vivan, autora do livro Educando e convivendo com crianças e
adolescentes – limites e disciplina sem agressividade, recentemente lançado
pela Paulus Editora, nesta entrevista dá dicas para transformar o convívio de
adultos, crianças e adolescentes em uma experiência mais harmoniosa e
satisfatória para todos.
.Ricardo Gomes – Diocese de Campos
“Lembrar sempre que a vida
encontra profundo significado quando o cuidado se faz presente entre as
pessoas.”. Janet Marize Vivan
Janet Marize Vivan traz a sua
experiência como mãe e profissional de psicologia e destaca a importância do
cuidado nas relações familiares evitando situações mais conflitivas e
desarmônicas também ficaram evidenciadas neste tempo de isolamento social que
intensificou o tempo de convívio familiar. E ressalta que situações conflitivas
que acarretam a violência e maus-tratos cometidos como as sofridas por aqueles
de seu convívio mais próximo.
"O ritmo de vida de nossa
sociedade é acelerado e exigente. A pressa e a urgência se fazem presentes
todos os dias por conta das atividades laborais, financeiras, familiares e
sociais. Com tantas demandas a serem consideradas é certo que o tempo se faz
escasso. Para dar conta, é preciso
estabelecer prioridades e, algumas
vezes, necessidades importantes ficam fora da agenda", pontua.
Janet ressalta que nessas
necessidades que acabam por serem negligenciadas neste tipo de contexto está o
olhar de cuidado. Olhar de cuidado é a atitude de estar atento às nossas
próprias necessidades de quem convive em família ou socialmente. O bebê ao
nascer sente-se indiferenciado de sua mãe e só passa a perceber sua própria
existência pelo olhar da mesma.
"O enamoramento surge
pelo olhar de duas pessoas. O paciente é acolhido pelo olhar do profissional
que o atende. O estudante se identifica
pelo olhar do educador. É correto pensar
que se este olhar é um olhar de cuidado, os vínculos que se estabelecem serão
afetivamente saudáveis e estruturantes. Mas se este olhar não denota cuidado,
ou, até mesmo, denota desprezo, indiferença e desamor, os vínculos serão falhos e potencialmente
desestruturastes", destaca Janet.
Gestos simples como amamentar
olhando nos olhos do bebê, acolher o choro da criança auxiliando-a a entender
suas emoções, ouvir o que o adolescente tem a dizer, ter paciência, tolerância e exercer um bom
diálogo com seu companheiro ou companheira, telefonar para seus familiares
distantes, oferecer boas palavras para amigos e colegas e lembrar sempre de ser
gentil consigo mesmo são exemplos de cuidado. Por outro lado, a falta de
cuidado é percebida em hábitos não
saudáveis, palavras rudes que
desqualificam o outro, desrespeito, pouca escuta, desvalorização, ingratidão,
individualismo e egoísmo. Quando falamos de cuidado.
"Estamos falando de amor.
O cuidado é a expressão máxima do amor. Já afirma um conhecido ditado:
"Quem ama cuida!". E, quem é cuidado, sente-se amado. Sentindo-se
amado, aprende a amar. E isso facilita que se estabeleça um ciclo que se
retroalimenta numa corrente do bem. Bom lembrar que quem cuida, na maioria das
vezes, desenvolve um sentimento de amor maior. Por isso a importância dos pais
participarem ativamente nos cuidados dos filhos", sugere.
No lado oposto do espectro do
cuidado, está o abandono. Abandono é a total ausência de cuidado. Tanto o
abandono físico como o emocional causam uma das maiores dores humanas. A curto,
médio e longo prazo, restam dificuldades psicológicas que precisarão de grande
investimento em terapia para serem superadas.
"De tudo isso podemos
concluir que precisamos ter atenção e carinho com a forma com a qual nos
relacionamos, comunicamos, olhamos, compreendemos e agimos, a fim de tornar
nosso convívio mais humano, mais leve e harmonioso em família e sociedade. Esta
atenção e carinho é especialmente importante no que se refere a crianças e
adolescentes, pois estes, por estarem em condição especial de desenvolvimento,
absorvem tudo o que está ocorrendo em seu entorno físico e emocional a fim de
construir seu caráter e sua personalidade. E não há nenhum pai ou mãe que não
deseje um filho com bom caráter e com uma personalidade sadia. Por isso a hora
é agora. Vamos desenvolver nosso olhar de cuidado, valorizar a existência de
todos, plantar boas sementes em forma de exemplos positivos para que a colheita
seja de saúde e alegria", conclui Janet.
Fonte:https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2021-01/familias-na-pandemia-tempo-do-cuidado.html