Agenda Semanal - 13/09 a 20/09
Editorial – 13/09/2020
"Então,
Pedro se aproximou Dele e disse: “Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu
irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. (Mt
18,21-22)
Robson Sidney Ladeira
A grande discussão dos
mestres judeus na época de Jesus era sobre o limite de vezes em que se devia
perdoar. E é nessa problemática que Ele é envolvido pelos seus discípulos: “Quantas vezes se deve perdoar?”. Jesus
responde que não só se deve perdoar sempre, mas de forma ilimitada, total e
absoluta ("setenta vezes sete"
- vers. 22). Deve-se perdoar sempre, a toda a gente (mesmo aos inimigos) e sem
qualquer reserva, sombra ou prevenção. E complementa seu raciocínio com uma
parábola na qual mostra para todos nós a lógica do perdão.
Na primeira parte da
parábola, Jesus exagera no montante da dívida do servo (1 talento equivalia a
37 kg de ouro ou prata; 10 mil talentos seria uma soma incalculável). Diante da
humildade e submissão do servo, Jesus mostra a misericórdia infinita de Deus
para com todos. Na segunda parte, Ele indica para os discípulos como não se
comportar depois de pedir e receber o perdão de Deus. Ao experimentar a
misericórdia do Senhor, o servo não foi capaz de perdoar uma mísera dívida do
seu companheiro (1 denário equivalia a 12 gramas de prata e era o pagamento
diário de um trabalhador). Mas, ao contrário do senhor, o servo não perdoa seu
companheiro e o manda prender. E diante desta diferença de comportamentos e de
lógicas que resulta o terceiro quadro: os outros companheiros do funcionário
real, chocados com a sua ingratidão, informaram o rei do sucedido e este
castigou-o duramente.
Portanto, a parábola é
uma catequese sobre a misericórdia de Deus. Convida-nos a analisar as nossas
atitudes e comportamentos face aos irmãos que erram. Sugere que existe uma
relação entre o perdão de Deus e o perdão humano. Mateus sugere que na
comunidade cristã deve funcionar a lógica do perdão ilimitado: se essa é a
lógica de Deus, terá de ser a nossa lógica, também.
Por fim, Deus pagará na
mesma moeda e castigará quem não for capaz de viver segundo a lógica do perdão
e da misericórdia? Não. Decididamente, o revanchismo e a vingança não fazem
parte dos métodos de Deus... Mateus usa aqui - bem ao jeito semita - imagens
fortes e dramáticas para sublinhar que a lógica do perdão é urgente e que dela
depende a construção de uma realidade nova, de amor, de comunhão, de
fraternidade - a realidade do Reino.