Informação Especial - 24/09 - A religião da Palavra Viva
A RELIGIÃO DA PALAVRA VIVA
Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração
Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Setembro é o mês da Bíblia
e, no próximo domingo, dia 27, celebraremos o dia nacional da Bíblia, dedicado
a despertar e promover entre os fiéis o conhecimento e o amor dos Livros
Sagrados, a Palavra de Deus escrita, redigida sob a moção do Divino Espírito
Santo, motivando-os para sua leitura cotidiana, atenta e piedosa e, ao mesmo
tempo, premunindo-os contra os erros correntes com relação à Bíblia mal
interpretada.
“Na Igreja, veneramos
extremamente as Sagradas Escrituras, apesar da fé cristã não ser uma ‘religião
do Livro’: o cristianismo é a ‘religião da Palavra de Deus’, não de ‘uma
palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo’” (Bento XVI – Verbum
Domini, 7)
“A Bíblia não é uma bela
coletânea de livros sagrados a estudar, é Palavra de vida a semear”, disse o
Papa Francisco aos participantes do Congresso Internacional da Federação
Bíblica Católica (17/9/2020). E continua o Papa:
“A Palavra de Deus é viva,
não morre nem envelhece, permanece para sempre. Está viva e dá vida. A Palavra,
de fato, traz ao mundo o respiro de Deus, infunde no coração o calor do Senhor
através do sopro do Espírito. A pregação não é um exercício de retórica e nem
mesmo um conjunto de sábias noções humanas: seria somente lenha. É ao invés
compartilha do Espírito, da Palavra divina que tocou o coração do pregador, o
qual comunica aquele calor, aquela unção. Seria belo que a Palavra de Deus se tornasse
sempre mais o coração de toda atividade eclesial”.
“É desejo do Espírito nos
plasmar como ‘formato-Palavra’: uma Igreja que não fale por si e de si, mas que
tenha no coração e nos lábios o Senhor. Ao invés, a tentação é sempre aquela de
anunciar nós mesmos e de falar de nossas dinâmicas, mas assim não se transmite
ao mundo a vida. A Igreja que se nutre da Palavra, portanto, vive para
anunciá-La, lançando-se pelas estradas do mundo, até os confins da terra, não
se poupa”.
“A Bíblia é a melhor
vacina contra o fechamento e autopreservação da Igreja. É a Palavra de Deus,
não nossa, e nos preserva da autossuficiência e do triunfalismo. Rezemos e
trabalhemos para que a Bíblia não fique na biblioteca, mas corra pelas estradas
do mundo. E faço votos para que vocês sejam bons portadores da Palavra, com o
mesmo entusiasmo que lemos nesses dias nas narrações pascais, onde todos
correm: as mulheres, Pedro, João, os dois de Emaús… Corram para encontrar e
anunciar a Palavra viva”.
É de São Jerônimo, o
grande tradutor dos Livros Santos, a célebre frase: “Ignorar a Sagrada
Escritura é ignorar o próprio Cristo”. Portanto, o conhecimento e o amor às
Escrituras decorrem do conhecimento e do amor que todos devemos a Nosso Senhor.
O ponto central da Bíblia,
convergência de todas as profecias, é Jesus Cristo. O Antigo Testamento é
preparação para a sua vinda e o Novo, a realização do seu Reino. “O Novo estava
latente no Antigo e o Antigo se esclarece no Novo” (Santo Agostinho).