Agenda Semanal - 20/09 a 27/09



EDITORAL

Pe. Josimar Cândido Lourenço

O cristão verdadeiro é aquele que busca uma espiritualidade da gratuidade e não da recompensa. Jesus mostra isso por meio de uma realidade dura, que ele conhecia muito bem: o desemprego e o subemprego. A parábola contada por ele tem como pano de fundo uma praça onde se encontram pessoas desempregadas à procura de trabalho. O movimento do patrão segue também as horas de trabalho, de manhã até a tarde. Ele faz contratos o dia todo e os empregados creem que receberão proporcionalmente às horas trabalhadas. Mas todos recebem igualmente e, considerando-se injustiçados, querem protestar.

A parábola afirma a soberania de Deus e de sua graça que não se baseia no cálculo humano e na ganância proporcional ao esforço. O coração de Deus não se permite medir pela regra da recompensa.

Se, por um lado, Jesus nos ensina a nos esforçar e não viver uma vida passiva, por outro,  ensina-nos também que somos chamados a uma justiça maior, aquela do coração misericordioso do Pai. Uma vida justa e comprometida não será ignorada por Deus, mas o chão onde é possível a relação com Deus não é o do “toma lá dá cá”, tão comum no cenário político brasileiro. O chão onde é possível a verdadeira relação com Deus é o da gratuidade, em deixar de lado qualquer segunda intenção em benefício próprio.

Precisamos crer no coração bondoso de Deus. Só o faremos se abandonarmos a espiritualidade baseada no comércio e na meritocracia - “me porto bem para que Deus se digne escutar meu pedido”. É erradíssimo querer dizer a Deus o que ele deve fazer conosco. Devemos respeitar a liberdade e a bondade de Deus e nos alegrar com todo sinal de bondade que descobrimos na vida de nossos irmãos e não nos deixar tomar pela inveja.

Como diz o Padre Fidel Oñoro, “Deus não é um patrão com quem fazemos contratos senão um Pai de quem recebemos graça e bondade”.