Informação Especial - 12/11 - Dia Mundial dos Pobres: estender a mão em tempo de pandemia
Dia Mundial dos Pobres:
estender a mão em tempo de pandemia
O Papa Francisco no Centro de Acolhimento da Caritas em 04 de outubro de 2013 (Vatican Media)
Na sua Mensagem para o Dia Mundial dos
Pobres, o Papa Francisco apela ao envolvimento da comunidade cristã no
compromisso com a caridade.
- Rui Saraiva
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No XXXIII Domingo do Tempo Comum, 15 de novembro,
celebra-se o Dia Mundial dos Pobres que já vai na sua quarta edição. Foi na
memória litúrgica de Santo António, 13 de junho, que o Papa Francisco publicou
a sua Mensagem para esta celebração.
Oração e solidariedade são inseparáveis
“Estende a tua mão ao pobre”, é o lema deste
dia especial que procura chamar a atenção para a condição dos pobres. Partindo
desta frase retirada do Livro de Ben-Sirá, no Antigo Testamento, o Santo Padre
refere que o texto de onde retirou o título da sua Mensagem revela como “são
inseparáveis a oração a Deus e a solidariedade com os pobres e os enfermos”.
O Papa lembra que é difícil “manter o olhar
voltado para o pobre”, mas assinala que isso é “tão necessário para imprimir a
justa direção à nossa vida pessoal e social”. “Não se trata de gastar muitas
palavras, mas antes de comprometer concretamente a vida, impelidos pela
caridade divina” – afirma o Santo Padre.
Em pobreza evangélica apoiar na pandemia
O Papa recorda que encontrar “uma pessoa em
condições de pobreza não cessa de nos provocar e questionar”. E lança algumas
pistas de reflexão: “Como podemos contribuir para eliminar ou pelo menos
aliviar a sua marginalização e o seu sofrimento? Como podemos ajudá-la na sua
pobreza espiritual?”. Neste particular, Francisco frisa a importância do
envolvimento da “comunidade cristã” nesta “experiência de partilha”. “E, para
servir de apoio aos pobres, é fundamental viver pessoalmente a pobreza
evangélica” – diz o Papa.
“Estender a mão leva a descobrir, antes de
tudo a quem o faz, que dentro de nós existe a capacidade de realizar gestos que
dão sentido à vida. Quantas mãos estendidas se veem todos os dias!” – escreve o
Santo Padre.
Para o Papa, “estender a mão é um sinal: um
sinal que apela imediatamente à proximidade, à solidariedade, ao amor”. E
Francisco recorda o sofrimento da atualidade que estamos a viver, assinalando
que são muitas as mãos estendidas prontas a ajudar em tempo de pandemia:
“Nestes meses, em que o mundo inteiro foi dominado por um vírus que trouxe dor
e morte, desconforto e perplexidade, pudemos ver tantas mãos estendidas!”.
Agir por amor, dizendo não à indiferença
Francisco na sua Mensagem para o Dia Mundial
dos Pobres, declara a necessidade de “ações concretas para apoiar os mais
vulneráveis”. Lembra a palavra de S. Paulo: “Pelo amor, fazei-vos servos uns
dos outros. É que toda a Lei se cumpre plenamente nesta única palavra: ama o
teu próximo como a ti mesmo”.
“«Estende a mão ao pobre» faz ressaltar, por
contraste, a atitude de quantos conservam as mãos nos bolsos e não se deixam
comover pela pobreza, da qual frequentemente são cúmplices também eles. A
indiferença e o cinismo são o seu alimento diário” – diz o Papa.
O Santo Padre apela à atenção para com o
pobre pedindo “mãos estendidas” não para beneficiarem “a riqueza de restritas
oligarquias” que fazem “a miséria de multidões”, mas para lutarem contra a
“globalização da indiferença”. Mãos estendidas que sejam ajuda e partilha com o
pobre.
Na homilia do primeiro Dia Mundial dos
Pobres, em novembro de 2017, o Santo Padre referiu a necessidade de se afirmar
um não concreto à indiferença. Recordemos as palavras de Francisco sobre o
pecado da omissão na reportagem da Rádio Vaticano:
“E a omissão é também o grande pecado contra
os pobres. Aqui assume um nome preciso: indiferença. É dizer: «Não
me diz respeito, não é problema meu, é culpa da sociedade». É virar-se para o
outro lado quando o irmão está em necessidade, é mudar de canal, logo que um
problema sério nos indispõe, é também indignar-se com o mal, mas sem fazer
nada. Deus, porém, não nos perguntará se sentimos justa indignação, mas se
fizemos o bem” – afirmou o Papa.
“Como podemos, então, concretamente, agradar
a Deus?” – perguntou o Papa ensaiando, desde logo, uma resposta:
“Quando se quer agradar a uma pessoa querida,
por exemplo dando-lhe uma prenda, é preciso primeiro conhecer os seus gostos,
para evitar que a prenda seja mais do agrado de quem a dá do que da pessoa que
a recebe. Quando queremos oferecer algo ao Senhor, os seus gostos
encontramo-los no Evangelho. Logo a seguir ao texto que ouvimos hoje, Ele diz:
«Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo
o fizestes» (Mt 25, 40).”
“Estes irmãos mais pequeninos, seus
prediletos, são o faminto e o doente, o forasteiro e o recluso, o pobre e o
abandonado, o doente sem ajuda e o necessitado descartado. Nos seus rostos,
podemos imaginar impresso o rosto d’Ele; nos seus lábios, mesmo se fechados
pela dor, as palavras d’Ele: «Isto é o meu corpo» (Mt 26, 2 6). No
pobre, Jesus bate à porta do nosso coração e, sedento, pede-nos amor.”
“Quando vencemos a indiferença e, em nome de
Jesus, nos gastamos pelos seus irmãos mais pequeninos, somos seus amigos bons e
fiéis, com quem Ele gosta de Se demorar” – disse o Santo Padre.
Dia Mundial dos Pobres, segundo Francisco
O “Dia Mundial dos Pobres” foi instituído
pelo Papa Francisco no âmbito da Carta Apostólica ‘Misericordia et misera’ e
recolhe inspiração no Jubileu Extraordinário da Misericórdia que teve lugar
entre 2015 e 2016. Um texto no qual o Santo Padre decidiu que este momento de
atenção especial para com os pobres seria celebrado no penúltimo domingo do ano
litúrgico.
Segundo Francisco, o “Dia Mundial dos Pobres”
é para ajudar as comunidades e cada batizado a “refletir como a pobreza está no
âmago do Evangelho”.
Na sua Carta Apostólica Francisco convoca os
cristãos para uma “revolução cultural” dos pequenos gestos “a partir da
simplicidade”. Intenções que se aplicam bem ao atual tempo de pandemia e de
sofrimento que a humanidade está a viver. Mais uma razão para viver com maior
fé e intensidade este Dia Mundial dos Pobres.
Laudetur Iesus Christus
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