Informação Especial - 26/11 - Mensagem da CNBB ao Povo de Deus em tempo de pandemia
Em mensagem ao povo de deus, CNBB reforça a esperança, a
caridade e missão da igreja no brasil no contexto da pandemia
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu, como resultado da reunião realizada nesta quarta-feira, 25 de novembro, uma Mensagem ao Povo Brasileiro em tempo de pandemia. O documento foi referendado pelos mais de 200 bispos, num total de 297 pessoas, compreendendo assessores das comissões episcopais e representantes de pastorais e organismos vinculados à CNBB que participaram da reunião.
A mensagem busca refletir sobre a presença e missão da Igreja na
realidade brasileira e expressar uma mensagem de esperança e proximidade no
contexto do novo Coronavírus. O documento destaca ainda que a Igreja no Brasil
é impelida a perseverar na caridade, dando continuidade, nas paróquias,
comunidades eclesiais missionárias e instituições religiosas de todo país, das
redes de solidariedade em defesa da vida que se multiplicaram-se neste ano em
razão da pandemia.
“Como discípulos missionários, queremos crescer nesse tempo
difícil, empenhados em remover as desigualdades e sanar a injustiça. A
humanidade aguarda uma vacina que, distribuída com equidade, possa ajudar a
garantir a vida e a saúde para todos”, diz um trecho do documento.
Mensagem
ao Povo de Deus em tempo de pandemia
Feliz aquele que suporta a
provação, porque, uma vez provado,
receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam. (Tg
1,12)
Amado Povo de Deus, nós bispos do Brasil, reunidos num encontro
virtual para refletir sobre a atual presença e missão da Igreja, queremos
expressar nossa mensagem de esperança e proximidade.
Neste ano irrompeu inesperadamente a pandemia da COVID19,
alterando nossas rotinas, revelando outras enfermidades de nosso tempo e
causando grande impacto num já fragilizado sistema de saúde, na seguridade
social, nos sistemas produtivos, na educação, na vida familiar, social e
religiosa em geral. O Papa Francisco alerta que “a tribulação, a incerteza, o
medo e a consciência dos próprios limites, que a pandemia despertou, fazem
ressoar o apelo a repensar os nossos estilos de vida, as nossas relações, a
organização das nossas sociedades e, sobretudo, o sentido da nossa existência”.
(Fratelli Tutti, 33)
Estamos num tempo de muitos questionamentos e cabe-nos escutar o
que o Espírito tem a dizer para a Igreja (Ap 2,7) nesse contexto. A provação
tem favorecido importantes aprendizados e oportunidades para a vivência e o
anúncio do Evangelho. Reconhecemos, com gratidão, o empenho de tantas comunidades
cristãs que foram criativas para manter a ação evangelizadora, especialmente
pelas mídias sociais, promovendo a transmissão de celebrações litúrgicas,
catequeses e aconselhamento aos fiéis. A Igreja doméstica foi fortalecida, em
sintonia com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, que promovem a
comunidade cristã como Casa da Palavra, do Pão, da Caridade e da Missão.
Percebe-se o protagonismo dos leigos e, especialmente, das mulheres na promoção
da Igreja nas casas.
Igualmente somos impelidos pelo Evangelho a perseverar na
caridade. Nas paróquias, comunidades eclesiais missionárias e instituições
religiosas de todo país, multiplicaram-se as redes de solidariedade em defesa
da vida. Por isso, foi coloca em prática a ação solidária É Tempo de Cuidar, voltada
a atender demandas de primeira necessidade das pessoas que se encontram em
situação de vulnerabilidade social no contexto da pandemia. Unidos a outras
entidades da sociedade civil, estamos buscando concretizar o Pacto pela Vida e
pelo Brasil, conclamando toda a sociedade para que, nesse tempo de pandemia,
ninguém seja deixado para trás.
Como nos tem provocado o Papa Francisco, precisamos escutar o
clamor das famílias, trabalhar por uma economia “mais atenta aos princípios
éticos” (Fratelli Tutti, 170), oferecer uma política melhor, sem desvios na
garantia do bem comum, propor uma educação humanista e solidária, comprometidos
na permanente construção da democracia. É urgente combater o racismo que se
dissimula, mas não cessa de reaparecer. (Fratelli Tutti, 20) Queremos assegurar
a vida desde a concepção até a morte natural, preservar o meio ambiente e
trabalhar em defesa das populações vulneráveis, particularmente indígenas e
quilombolas. Preocupa-nos o crescimento das várias formas de violência, entre elas,
o feminicídio. “Cada ato de violência cometido contra um ser humano é uma
ferida na carne da humanidade; cada morte violenta “diminui-nos” como pessoas”.
(Fratelli Tutti, 227)
Como discípulos missionários, queremos crescer nesse tempo
difícil, empenhados em remover as desigualdades e sanar a injustiça. A
humanidade aguarda uma vacina que, distribuída com equidade, possa ajudar a
garantir a vida e a saúde para todos.
Pedimos que Deus acolha junto a Si os que morreram neste tempo e
dê consolação e paz às famílias enlutadas. Abençoamos especialmente os
incansáveis profissionais da saúde, os professores, os cuidadores e todos que
atuam em serviços essenciais. Nossa prece também pelos presbíteros, diáconos
permanentes, consagrados e consagradas, leigos e leigas de nossas igrejas, para
que se sintam encorajados.
O Advento é um tempo de renovar nossa esperança. Confiantes,
afirmamos que a fé em Cristo nunca se limitou a olhar só para trás nem só para
o alto, mas olhou sempre também para a frente (Spe Salvi, 41). Não desanimemos,
não estamos sozinhos: o Senhor está conosco!
Acompanhe-nos a Santa Mãe de Deus, Senhora Aparecida, consolo
dos aflitos, saúde dos enfermos e esperança nossa! Invocamos sobre todos a
bênção da Santíssima Trindade, que sua misericórdia continue fortalecendo e
animando o povo brasileiro.