Crônica da Semana - O nosso legado

O nosso legado

Ricardo Morais Pereira

Membro da PASCOM

Paróquia Imaculada Conceição

 

Depois que me tornei pai, rotineiramente reflito sobre o legado que pretendo deixar para minha filha. Quando olho pra trás e vejo os exemplos que tive ao longo da vida, principalmente dos meus pais, compreendo que hoje a minha missão não se resume simplesmente em viver, mas sim em construir um legado para as futuras gerações. A linha entre esta vida e a vida na eternidade é tênue. Hoje estamos aqui e amanhã podemos não estar mais. E tudo o que fazemos agora pode refletir na vida da humanidade agora e no futuro.

Como exemplos, cito dois beatos aqui da nossa região. O campanhense Padre Victor construiu em Três Pontas um legado de caridade que se perpetua ao longo do tempo e atrai uma multidão de fiéis em busca da intercessão do chamado Anjo Tutelar. Já na pacata Baependi temos a beata Nhá Chica, outra contumaz praticante da caridade, que tinha a sua fé ancorada fortemente em Deus. Ambos os beatos continuam ainda hoje, mesmo passados vários anos de suas mortes, transformando a vida de milhares de pessoas e provocando a conversão de vários corações. Ou seja, meus amigos, o que fazemos hoje pode sim refletir no futuro da humanidade!

Mas há outros homens e mulheres, que mesmo não estando nos altares, contribuíram com a humanidade. Como exemplo cito um conterrâneo nosso aqui do Sul de Minas, Vital Brasil. Nascido em Campanha, esse cientista foi o responsável pela criação do soro antiofídico, usado para curar milhares de pessoas picadas por cobras. Foi fundador do Instituto Butantan, que desenvolveu uma das vacinas contra a COVID-19. Vejam: os atos de Vital continuam repercutindo mesmo após a sua morte. Muitas vidas são salvas graças aos seus estudos e iniciativas.

Entretanto, não podemos perder de vista que aquilo que plantamos de ruim também pode repercutir ao longo da história. O nazismo, a segunda guerra mundial e a utilização das bombas atômicas provocaram feridas profundas na humanidade e o mundo levou longos anos para se recuperar. Ainda hoje as atrocidades daquele período ecoam.

Trazendo para o nosso cotidiano, é importante termos a consciência do que queremos deixar para as futuras gerações, para os nossos filhos. O mundo ainda sofre com a desigualdade social, com a corrupção, com a ausência da caridade, com a falta de preservação do meio ambiente, dentre outros tantos males.

Jesus deixou o maior legado que poderíamos receber: a nossa salvação. A caridade e os ensinamentos que ele espalhou por aqui permanecem gerando frutos passados mais de 2000 anos. Temos a missão de continuar a sua obra! Que inspirados nos bons exemplos e em Jesus, possamos construir o nosso legado alicerçado no amor, no cuidado com o próximo e na justiça! Assim seja!