Papa Francisco no Ângelus - 21/02 - Deserto é lugar de tentação: "nunca dialoguem com o diabo", disse o Papa
Deserto é lugar de tentação: "nunca dialoguem com o
diabo", disse o Papa
O Evangelho do dia sobre as tentações de Jesus no deserto, neste primeiro Domingo de Quaresma, conduziu a reflexão do Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus. O Pontífice nos lembrou que o ambiente simbólico do deserto é o lugar “onde Deus fala ao coração do homem”, uma dimensão existencial “para ficar em silêncio e escutar a palavra de Deus". Porém, também “é lugar da tentação” de Santanás. Sem medo, mas com cuidado, devemos nos preparar para combatê-lo como Jesus, disse o Pontífice, que "nunca fez um diálogo com o diabo, nunca". Quando o sedutor se aproximar, "não há diálogo possível. Somente a Palavra de Deus”.
Andressa
Collet – Vatican News
Neste
primeiro Domingo de Quaresma, na alocução que precedeu a oração mariana do
Angelus, o Papa Francisco refletiu sobre o Evangelho do dia que evoca os temas
da tentação e da conversão, através do “ambiente natural e simbólico” do
deserto. De fato, com o rito penitencial das cinzas na última quarta-feira
(17), começamos o caminho da Quaresma. E, neste primeiro domingo desse tempo
litúrgico, a Palavra de Deus é quem nos conduz para melhor viver “os 40 dias que
conduzem à celebração anual da Páscoa”.
O
ambiente simbólico do deserto
O
Papa, assim, através do Evangelista Marcos (cf. 1,12-15), comentou sobre o
caminho percorrido por Jesus quando "o Espírito o levou para o
deserto" (v. 12), se retirando durante 40 dias por lá, “onde foi tentado
por Satanás”. O deserto, incentivou Francisco a refletir, um ambiente “natural
e simbólico, tão importante na Bíblia”:
“O
deserto é o lugar onde Deus fala ao coração do homem, e onde brota a resposta
da oração, ou seja, o deserto da solidão, o coração separado de outras coisas
e, somente naquela solidão, se abre à Palavra de Deus. Mas é também o lugar da
provação e da tentação, onde o Tentador, aproveitando a fragilidade e as
necessidades humanas, insinua a sua voz mentirosa, uma alternativa àquela de
Deus, uma voz alternativa que te mostra outro caminho, um outro caminho de
engano. O Tentador seduz.”
Na
verdade, continuou Francisco, durante os 40 dias vividos por Jesus no deserto,
“começa o ‘duelo' entre Jesus e o diabo, que terminará com a Paixão e a Cruz.
Todo o ministério de Cristo é uma luta contra o Maligno nas suas muitas
manifestações: curas de doenças, exorcismos sobre os possuídos, perdão dos
pecados”. Jesus, ao agir com o poder de Deus, “parece que o diabo tem a vantagem,
quando o Filho de Deus é rejeitado, abandonado e, finalmente, capturado e
condenado à morte”. Mas, não, disse o Pontífice, porque “a morte era o último
‘deserto’ para se atravessar para derrotar definitivamente Satanás e libertar
todos nós do seu poder”.
A
vitória de todos nós sobre o mal
Todos
os anos, no início da Quaresma, recordou Francisco, “este Evangelho das
tentações de Jesus no deserto nos lembra que a vida do cristão, nos passos do
Senhor, é uma batalha contra o espírito do mal”. Mas, que devemos fazer como
Jesus, que enfrentou e venceu o Tentador: "devemos estar conscientes da
presença deste inimigo astuto, interessado na nossa condenação eterna, no nosso
fracasso, e nos prepararmos para nos defender dele e combatê-lo". Assim, o Pontífice procurou enfatizar que,
"nas tentações, Jesus nunca dialoga com o diabo, nunca":
“Na
sua vida, Jesus nunca fez um diálogo com o diabo, nunca. Ou o afasta dos
possuídos ou o condena ou mostra a sua malícia, mas nunca um diálogo. E, no
deserto, parece que há um diálogo porque o diabo faz três propostas e Jesus
responde. Mas Jesus não responde com as suas palavras. Responde com a Palavra
de Deus, com três passagens da Escritura. E isso é para todos nós. Quando o
sedutor se aproxima, ele começa a nos seduzir: 'mas pense isto, faça
aquilo...', a tentação é de dialogar com ele, como fez Eva. Eva disse: 'mas não
se pode porque nós...', e entrou em diálogo. E se nós entrarmos em diálogo com
o diabo, seremos derrotados. Coloque isso na cabeça e no coração: com o diabo
nunca se dialoga, não há diálogo possível. Somente a Palavra de Deus.”
Nunca
dialogar com o diabo
O
Papa, assim, finalizou a sua reflexão, encorajando todos nós, neste tempo de
Quaresma, seguir o Espírito Santo, como Jesus, e entrar no deserto, "sem
medo":
“Não
se trata - como vimos - de um lugar físico, mas de uma dimensão existencial
para ficar em silêncio, escutar a palavra de Deus, "para que a verdadeira
conversão se realize em nós". Não tenham medo do deserto, procurem por
momentos de mais oração, de silêncio, de entrar em nós mesmos. Não tenham medo.
Somos chamados a percorrer os caminhos de Deus, renovando as promessas do nosso
Batismo: renunciar a Satanás, a todas as suas obras e a todas as suas seduções.
O inimigo está ali, agachado, tenham cuidado. Mas nunca dialoguem com ele.”