Formação: Como é viver a santidade na vida cotidiana?
Como
é viver a santidade na vida cotidiana?
A
santidade é a vocação de todo cristão batizado, independentemente do seu estado
de vida e da realidade em que esteja inserido. Em sua Encíclica Gaudete et
Exsultate sobre o chamado à santidade no mundo atual, Papa Francisco nos diz
que a santidade é, sem dúvida, o rosto mais belo de Deus, e que “O Espírito
Santo derrama a santidade, por toda a parte, no santo povo fiel de Deus, porque
aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, excluída
qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na
verdade e O servisse santamente”.
Os
santos foram homens e mulheres que se deixaram transformar pela graça de Deus e
corresponderam a essa graça numa vida honesta, virtuosa e, acima de tudo, uma
vida de vivência da Palavra de Deus. Em outras palavras, poderíamos dizer que
ser santo é viver o Evangelho, é fazer a vontade de Deus onde se está inserido.
Por muito tempo, achávamos que a santidade era algo só para quem vivia nos
mosteiros, para os padres e as freiras, mas isso é um pensamento errôneo, pois
a santidade é possível para todos – para o estudante, para a mãe de família,
para o pai trabalhador, para o jovem universitário –, independentemente da
profissão ou do cargo que ocupe.
São
Francisco de Sales, em seu livro intitulado de ‘Filoteia’ ou ‘Introdução à vida
devota’, aponta-nos que a vida de devoção e santidade é possível, que ela não é
para uma elite separada; a santidade é para todo homem de boa vontade. Outra
grande verdade é que a santidade não é fruto de nossos esforços humanos nem de
nossos méritos, ou seja, não somos nós que nos transformamos em santos; a santidade
é, acima de tudo, um dom da graça de Deus, e é Ele quem nos transforma em
santos. Da nossa parte, temos a obrigação de corresponder a tamanho dom que nos
foi dado no dia do nosso batismo, pois todos os dons já nos foram dados no
nosso batismo.
O
batizado é um vocacionado à santidade, ou seja, é alguém que deve ter
consciência da vida nova que lhe foi infundida e, por isso, vive como pessoa
salva em Cristo, vivendo fiel e honestamente o seu batismo.
Ser
santo não é não pecar ou não ser gente, ser santo é corresponder à graça de
Deus, amar a Deus acima de tudo e o próximo com amor verdadeiro que sai de si.
É viver o Evangelho, a ternura, a bondade, a conversão nas pequenas e grandes
coisas do cotidiano da vida.
São
Bento, em sua regra, aponta-nos um meio tão eficaz chamado de “a conversão dos
costumes”, ou seja, auxiliados pela força de Deus, devemos nos converter, mudar
aquelas atitudes que não edificam ou não ajudam o próximo no seguimento a
Cristo. Os grandes santos eram profundamente homens e totalmente de Deus, não
viviam uma santidade destacada da realidade, ou algo longe de se alcançar, mas
algo no concreto do dia a dia, vivido com paciência e amor. Não viviam nas
alturas só preocupados consigo mesmos, ao contrário, os santos eram homens e
mulheres à frente do seu tempo, eram, como nos diz Jesus no Evangelho, o
fermento de Deus no meio do mundo.
A
pequena via
Grande
exemplo dessa santidade nas pequenas coisas e no cotidiano da vida é Santa
Teresa do Menino Jesus, que viveu a chamada pequena via, uma santidade que se
dava no dia a dia. Em tudo aquilo que ela fazia, colocava amor, fazia por amor,
principalmente as coisas mais humilhantes, suportava tudo sem murmurar, mas por
amor.
Nosso
século está recheado de testemunhos autênticos de pessoas que, em diferentes
realidades, viveram a santidade, foram se transformando pela graça de Cristo.
Pessoas que, alcançadas pelo amor e misericórdia de Deus, não pararam em si
mesmas, mas se lançaram em ajudar o próximo, pessoas essas que são para nós
como luzeiros a iluminar nosso caminho nas noites escuras que, muitas vezes,
vivemos.
Os
santos não são apenas para ficar nos altares bonitinhos e rezarmos a eles, mas,
antes e acima de tudo, são para nós modelos, modelos a serem imitados no dia a
dia, adaptando a nossa vida a nossa realidade, buscando viver as virtudes nas
situações que vamos vivendo na caminhada. Os santos são nossos irmãos mais
velhos na fé. Olhemos para a vida deles e percebamos que é possível, podemos
chegar lá, não sozinho, mas correspondendo à graça de Deus acima de tudo.
Por
amor a Deus
O
fundador do Opus Dei, São Josemaria Escrivá, tem uma frase belíssima e, ao
mesmo tempo, muito forte, que nos leva a questionarmos a nossa vida: “Meu Deus,
faz-me santo, nem que seja a pauladas”. Portanto, meus irmãos, a santidade não
é um presente de bom comportamento, mas uma graça dada por Deus, que consiste
na vivência da Sua Palavra. O santo não se pertence, é alguém vazio de si e
cheio de Deus.
Portanto,
meus irmãos, vivamos a santidade em tudo aquilo que fizermos, seja na cozinha,
no escritório, no campo, na escola, no hospital, na faculdade e em qualquer
lugar que estejamos, suportando tudo por amor de Deus e pagando o mal com o bem
sempre, pois o bem feito com amor nunca será esquecido.
José Dimas
José Dimas da Silva é
seminarista e candidato às Ordens Sacras na Comunidade Canção Nova. Natural de
Gravatá (PE), ele é formado em Filosofia (licenciatura) pela Faculdade Canção
Nova e graduando do curso de Teologia na mesma faculdade em Cachoeira Paulista
(SP). O missionário atua na liturgia durante os eventos, e é produtor de
conteúdo para este canal formativo.