Informação Especial - 24/02 - Quaresma com São José - II
Uma catequese por semana neste tempo de Quaresma guiados por São José
Quaresma
com São José - II
Quaresma
com São José! A cada semana da Quaresma, o Pe. Rafhael Silva Maciel propõe uma
pequena catequese, que este ano terá como linha guia o Ano de S. José,
proclamado pelo Papa Francisco. Pe. Rafhael é Missionário da Misericórdia e
Mestre em Sagrada Liturgia. Confira a segunda reflexão.
Vatican News
Como
tempo especial de conversão e discernimento da nossa vida cristã, a Quaresma
nos lembra a cada dia, seja na liturgia e seja nos exercícios espirituais que
nos são propostos, a contemplação do mistério da Cruz de Jesus Cristo.
O
Diretório para liturgia e a piedade popular, afirma que os fiéis, “contemplando
o Salvador crucificado, entendem mais facilmente o significado da imensa dor
injusta que Jesus, o Santo e Inocente, padeceu pela salvação do homem, e
compreendem, desse modo, o valor do seu amor solidário e a eficácia do seu
sacrifício redentor” (n. 127).
A
Cruz de Jesus Cristo é o ato mais alto de sua obediência ao Pai do Céu, pois
“tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o extremo” (Jo13,1).
Foi
pelo seu amor incondicional à vontade do Pai que Jesus “abaixou-se, tornando-se
obediente até a morte, à morte sobre uma cruz” (Fl 2,8).
Toda
a vida de Jesus foi obediência, todas as suas ações e palavras foram em
consonância e união íntima entre a sua vontade e a vontade do Seu Pai.
O
Senhor, ainda na sua glória junto do Pai, como Verbo divino já obedecera,
encarnando-se no seio da Virgem Maria. De Maria mesmo Ele aprendeu a obedecer,
tendo escutado a resposta da escolhida: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se
em mim segundo a Tua palavra”, o Verbo entra no mundo, por obra do Espírito
Santo.
Não
é somente da Virgem Mãe que Jesus recebe o testemunho da obediência e da
acolhida radical da vontade divina na vida. O homem ao qual está prometida
Maria em casamento, José, também é testemunho de obediência e de acolhida
irrestrita da vontade de Deus. Ao final do sonho em que o Anjo Gabriel lhe
revela o projeto divino, diz o evangelista Marcos que “José, ao despertar do
sono, agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher”
(Mc 1,24).
Ainda
outras duas vezes José agirá em plena conformidade com a ordem de Deus, quando
avisado em sonho pelo Anjo do perigo que rondava à Sagrada Família
“levantou-se, tomou o menino e sua mãe, durante a noite, e partiu para o Egito”
(Mc 2,14), e quando recebe a revelação de que pode retornar para casa e sair do
Egito, José “levantou-se, tomou o menino e sua mãe e entrou na terra de Israel”
(Mc 2,21).
Papa
Francisco na sua carta Patris corde escreve que São José, em nenhum momento
“hesitou em obedecer”, que “com confiança e paciência, esperou” (n. 3), por
isso São José é o “pai na obediência”, é o homem, esposo e pai de família que
sabe que obedecer a Deus é princípio vital para a sobrevivência da vida, em
sentido integral.
O
que é a vontade de Deus? A serva de Deus Chiara Lubich uma vez respondeu,
quando questionada, que a vontade “é aquilo que mais nos custa”. Levada em
consideração essa resposta, São José é ícone dessa suave e doce submissão à vontade
divina porque sabe, desde o seu interior, que quando Deus chama, quando Deus
pede algo da pessoa, Ele não quebra a sua vida, mas a deixa ainda mais aberta e
livre! Fazer a vontade de Deus não é uma condenação, outrossim é uma
experiência de enamoramento com a Graça de Deus.
No
nosso caminho quaresmal com São José encontramos o “justo” – aquele que,
temente a Deus, realiza na sua vida o que Deus lhe chama a fazer, a vocação
para a qual foi chamado. Pessoalmente, São José deu o testemunho da sua obediência
ao Filho de Deus, que estava sob seus cuidados e, ao mesmo tempo, “na sua
função de chefe de família, ensinou Jesus a ser submisso aos pais (Lc 2,51)” e,
na escola de José, Ele [Jesus] aprendeu a fazer a vontade do Pai” (Francisco,
Patris corde, n.3)
Vivemos
tempos difíceis seja no entendimento da palavra obediência, numa sociedade que
prega uma liberdade sem limites e uma consciência moral frouxa, seja o
reconhecimento de que a vontade de Deus, que tem como fundamento a salvação do
ser humano e o seu bem.
São
José emerge como um exemplo de obediência e de liberdade sem iguais, porque
deixou-se iluminar pela luz divina e, “quando os homens estão na luz, não são
eles que iluminam, mas são iluminados e tornam-se resplandecentes por ela (Sto.
Irineu).
Como
mais um gesto concreto quaresmal, aprendendo a obediência, na escola de São
José, durante essa Quaresma demos mais espaço para a escuta de Palavra de Deus
e vivamos a penitência que já foi escolhida (se ainda foi seria bom escolher)
buscando realizar através dela a vontade de Deus – “aquilo que mais nos custa”!
Desse
modo, nossa penitência, por mais simples que seja, leve-nos à santa obediência
e que nossas ações, acompanhadas pela oração, sejam feitas conforme a vontade
do Senhor. São José, providenciai! Boa oração, abençoada meditação!
Roma, 24 de
fevereiro de 2021 Quarta-feira, I Semana da Quaresma
Pe. Rafhael
Silva Maciel
Missionário
da Misericórdia e Mestre em Sagrada Liturgia
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2021-02/quaresma-sao-jose-2.html