Catequese - O Papa: a oração nos ajuda a amar os outros, não obstante seus erros e pecados
O Papa: a oração nos ajuda a amar os outros, não obstante
seus erros e pecados
“Rezar
na vida cotidiana” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral
da quarta-feira (10/02) . "A oração cristã infunde no coração humano
uma esperança invencível: qualquer que seja a experiência que toque o nosso
caminho, o amor de Deus pode transformá-la em bem", disse Francisco.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
“Na
catequese anterior, vimos que a oração cristã está “ancorada” na Liturgia. Hoje
evidenciaremos como da Liturgia ela regressa sempre à vida quotidiana: nas
ruas, nos escritórios, nos meios de transporte. Nela o diálogo com Deus
continua: quem reza é como o apaixonado, que traz sempre no coração a pessoa
amada, onde quer que esteja.” Foi o que disse o Papa Francisco no início de sua
catequese na Audiência Geral desta quarta-feira (10/02), realizada na
Biblioteca do Palácio Apostólico, sobre o tema “Rezar na vida cotidiana”.
Segundo
o Pontífice, “tudo é assumido neste diálogo com Deus: cada alegria torna-se um
motivo de louvor, cada provação é ocasião para um pedido de ajuda. A oração é
sempre viva, como o fogo das brasas, até quando os lábios não falam. Cada
pensamento, embora aparentemente “profano”, pode ser permeado de oração. Até na
inteligência humana há um aspecto orante; com efeito, ela é uma janela aberta
para o mistério: ilumina os poucos passos que se nos apresentam e depois se
abre para toda a realidade, que a precede e a supera”. A seguir, acrescentou:
Este
mistério não tem rosto perturbador nem angustiante: o conhecimento de Cristo
nos faz confiar que onde o nosso olhar e os olhos da nossa mente não podem ver,
não há o nada, mas uma graça infinita. A oração cristã infunde no coração
humano uma esperança invencível: qualquer que seja a experiência que toque o
nosso caminho, o amor de Deus pode transformá-la em bem.
A
oração é sempre positiva
Segundo
o Catecismo da Igreja Católica, «aprendemos a orar em certos momentos,
escutando a Palavra do Senhor e participando no seu mistério pascal. Mas a cada
momento, nos acontecimentos de cada dia, o seu Espírito nos é oferecido para
fazer brotar a oração. O tempo está nas mãos do Pai; é no presente que nós o
encontramos; não ontem nem amanhã, mas hoje». “Eu encontro Deus hoje. Sempre
existe o hoje do encontro”, disse ainda o Papa.
Não
há outro dia maravilhoso do que o hoje que vivemos. As pessoas que vivem
pensando sempre no futuro, será melhor, mas não vivem o hoje, são pessoas que
vivem na fantasia, não sabem viver o concreto do real. O hoje é real. O hoje é
concreto. A oração se realiza hoje. Jesus vem ao nosso encontro hoje, o hoje
que estamos vivendo. É a oração que o transforma em graça, ou melhor, que nos
transforma: apazigua a raiva, sustenta o amor, multiplica a alegria, infunde a
força de perdoar. Às vezes parece-nos que já não somos nós que vivemos, mas que
a graça vive e age em nós através da oração.
“É
a graça que espera. Não se esqueçam: viver o hoje. Quando você estiver com
raiva, insatisfeito, pare e diga: ‘Senhor, onde você está? Para aonde estou
caminhando?’ O Senhor está ali e lhe dará a palavra justa, o conselho para ir
adiante, sem este sulco amargo do negativo”, disse ainda Francisco. “A oração é
sempre positiva, faz ir adiante. Cada dia que começa, se for acolhido na
oração, é acompanhado de coragem, para que os problemas a enfrentar já não
sejam obstáculos à nossa felicidade, mas apelos de Deus, ocasiões para o nosso
encontro com Ele.”
A
oração realiza milagres
“Rezemos
sempre por tudo e por todos. Rezemos pelos nossos entes queridos, mas também
por aqueles que não conhecemos; rezemos até pelos nossos inimigos, como a
Escritura muitas vezes nos convida a fazer”, sublinhou o Papa.
A
oração dispõe a um amor superabundante. Rezemos especialmente pelos infelizes,
por quantos choram na solidão e perdem a esperança de que ainda haja um amor
que pulse por eles. A oração realiza milagres; e então os pobres intuem, pela
graça de Deus, que até na sua situação precária, a oração do cristão tornou
presente a compaixão de Jesus: pois Ele olhou com grande ternura para as
multidões cansadas e perdidas como ovelhas sem pastor. O Senhor é o Senhor da
compaixão, da proximidade, da ternura. O estilo do Senhor é compaixão,
proximidade e ternura.
É
necessário amar cada pessoa
Segundo
o Pontífice, “a oração nos ajuda a amar os outros, não obstante seus erros e
pecados. A pessoa é sempre mais importante do que as suas ações, e Jesus não
julgou o mundo, mas o salvou”.
A
vida daquelas pessoas que sempre julgam os outros é ruim, que sempre condenam,
julgam. É uma vida ruim, infeliz, pois Jesus veio para nos salvar. Abra o seu
coração! Perdoa, justifica os outros, entenda. Fique próximo aos outros, tenha
compaixão, ternura, como Jesus. É necessário amar cada pessoa, lembrando na
oração que somos todos pecadores e ao mesmo tempo amados por Deus um por um.
Amando assim este mundo, amando-o com ternura, descobriremos que cada dia e
cada situação traz dentro de si um fragmento do mistério de Deus.
Francisco
concluiu sua catequese, dizendo que “somos seres frágeis, mas sabemos rezar:
esta é a nossa maior dignidade, é a nossa fortaleza. Coragem! Rezar em cada
momento, em cada situação, porque o Senhor está próximo de nós. Quando uma
oração está em sintonia com o coração de Jesus, obtém milagres”.