Crônica da Semana - O pai pródigo
O pai
pródigo
Ricardo
Morais Pereira
Membro
da PASCOM da Paróquia Imaculada Conceição
De
antemão quero adiantar: este escriba não está louco ou cometeu um erro de
digitação. Tampouco quer subverter a linda parábola do filho pródigo narrada
por Jesus nas sagradas escrituras. Quero apenas tendo como ponto de partida
esta passagem da bíblia, propor uma reflexão neste final de semana em que temos
o encerramento da Semana Nacional da Família.
A
parábola do filho pródigo é muito bonita e leva todos nós a intensas reflexões.
Ela é tão clara que, diferente de outras histórias que Jesus contou para o seu
povo, não foi preciso dar muitas explicações acerca de cada personagem ali
descrito. O filho pródigo somos todos nós, que erramos, nos afastamos de Deus
em busca da realização dos nossos próprios desejos. Entretanto, quando nos
vemos sozinhos e sem apoio, recordamos da casa do Pai e pedimos para retornar.
O Pai por sua vez, o Deus Misericordioso, nos acolhe com bondade e amor, não
querendo saber por onde andamos, mas está com o coração jubiloso pelo nosso
regresso. O irmão mais velho, que fica enciumado com o retorno do irmão e o
acolhimento do Pai, também pode nos representar, quando queremos julgar os atos
pregressos do nosso próximo.
Enfim,
que passagem fenomenal! Como dizem os jovens nos dias de hoje: "que sacada
de Jesus". Ele utilizou um exemplo simples do dia a dia para demonstrar o
amor misericordioso de Deus, e passados mais de 2000 anos, esta parábola
continua tocando os nossos corações e provocando conversões. E na maioria das
vezes esta é a atitude dos pais de carne e osso quando os filhos erram: de
acolhimento. Quantas vezes fui teimoso e desobediente, me afastei daquilo que
os meus pais me orientaram, e quando vi que estava em uma situação complicada
resolvi voltar e fui acolhido? Não é à toa que dizemos que pai é pai, mãe é
mãe!
Pois
bem. Estamos vivendo a Semana Nacional da Família, quando refletimos sobre o
plano de Deus para as nossas casas. Hoje em dia há uma palavra que vem sendo
muito utilizada na sociedade: EMPATIA, que nada mais é do que o ato de se
colocar no lugar do outro. E aqui chegamos no eixo central da minha reflexão de
hoje: e se invertêssemos a história do filho pródigo? E se ao invés dos erros
do filho, tivéssemos os erros do pai? Será que nós filhos recebemos os nossos
pais com o mesmo amor?
Nós
seres humanos somos falíveis, ou seja, estamos sempre caindo em contradições e
erros. Somente Deus é perfeito! Entretanto, em certos momentos nos esquecemos
que somos imperfeitos e cobramos perfeição das pessoas que nos rodeiam,
principalmente daquelas que estão mais próximas.
Com
relação aos nossos pais, que são figuras importantes no núcleo familiar, nem
sempre exercemos a compreensão e entendemos que eles também são falíveis. Não
são super-heróis, e tampouco perfeitos como o Pai Misericordioso da parábola
contada por Jesus.
A
vida em família nem sempre é um caminho florido! Há pedras de dificuldades,
lamas de desentendimentos, escuridão de dúvidas… E em certas ocasiões, os pais
também erram. Todavia, nós filhos somos convidados a ter com eles a mesma
atitude do Pai Misericordioso da parábola contada por Jesus: acolher, sem
perguntar muito por onde andaram.
Sou
pai de uma linda garotinha de 1 ano e 10 meses, que tem o nome de Lorena.
Embora ela ainda seja muito pequena e ainda não entenda muita coisa, sei que já
errei em algumas atitudes com relação à sua criação, e como pai me penitencio
com isso. Hoje consigo compreender todas as vezes que vi meus pais angustiados
e tensos quando eu era criança. Cuidar de uma vida não é uma tarefa simples!
Exige responsabilidade, e nem sempre acertarei em todos as minhas atitudes e
decisões. Mas sempre que erro, é na intenção de acertar e dar o melhor para
minha filha. Espero que quando crescer e entender, Lorena tenha paciência e
acolhimento comigo.
Assim
finalizo convidando você leitor ao seguinte exercício: há alguma atitude do seu
pai ou da sua mãe que o entristeceu, e por sua vez acabou afastando vocês? Se a
sua resposta for sim, convido-o a ter a atitude do Pai Misericordioso: acolha o
seu pai, perdoe sem exigir muitas explicações. Afinal isto é o que Deus faz
conosco! Se os seus pais já estão junto de Deus, não tem problema. Você também
pode praticar este ato em suas orações. Tenha certeza de que será ouvido.
Quem
honra o seu pai, terá alegria com seus próprios filhos; e, no dia em que orar,
será atendido. (Eclo 3, 6)