Informação Especial - Dia Internacional dos Povos Indígenas e o falecimento de Dom Pedro Casaldáliga
Dia
Internacional dos Povos Indígenas e o falecimento de Dom Pedro Casaldáliga
Neste
domingo, 9 de agosto, comemorou-se mais um Dia Internacional dos Povos
Indígenas e o Conselho Episcopal Latino-americano (Celam), em nota assinada
pelo presidente do organismo, dom Miguel Cabrejos Vidarte, pediu com veemência
que as diferentes comunidades indígenas do mundo sejam incluídas, respeitadas e
protegidas em sua cultura.
"A
Igreja reitera o seu compromisso com a defesa dos direitos humanos de nossos
irmãos e irmãs indígenas de todo o mundo", para que eles não sejam
considerados "simplesmente uma minoria", mas também se tornem
"os principais interlocutores".
O
Celam destaca as graves dificuldades em que vivem as comunidades indígenas,
como por exemplo, as "ameaças à sua terra e estilo de vida, falta de
serviços de saúde e educação de qualidade, e várias formas de discriminação".
"Uma dura realidade", afirma a nota, "agravada pela emergência
sanitária causada pela Covid-19 que afetou gravemente a região amazônica",
infectando "mais de 70 mil indígenas no continente americano", dos
quais "23 mil na bacia do Rio Amazonas".
O
Celam se refere na nota a um dos "sonhos" citados pelo Papa Francisco
em sua Exortação Apostólica pós-sinodal "Querida Amazônia": "Sonho
uma Amazônia que luta pelos direitos dos mais pobres, dos povos originários,
dos últimos, onde sua voz seja ouvida e sua dignidade seja promovida. Sonho uma
Amazônia que defenda a riqueza cultural que a distingue, onde a beleza humana
brilha em tantas formas diferentes".
Na
esteira destas palavras, os bispos latino-americanos convidam as autoridades do
continente a “centralizar menos e descentralizar mais a assistência social e
econômica que tem sido prestada durante este difícil período de pandemia”,
assegurando que “nossos irmãos indígenas recebam a atenção que merecem e
precisam urgentemente”.
Um
dia antes, em 8 de agosto, faleceu o Bispo Emérito de São Felix do Araguaia,
Dom Pedro Casaldáliga, defensor dos povos indígenas da região do Pantanal
brasileiro.
Dom Pedro Casaldáliga com um terço de madeira nas mãos e vestido com uma estola de retalhos nicaraguenses costurada pelos índos xavantes em sua homenagem |
Em
nota, os bispos da CNBB Reginal Oeste 2, homenagearam-no: "Dom Pedro, um
grande profeta dos nossos tempos. Profundamente configurado a Jesus Cristo,
viveu na esteira do Evangelho, anunciando o Reino com a autoridade de uma vida
santificada na missão. Foi testemunha de uma espiritualidade em alto nível,
pois viveu o Mistério da Encarnação sendo pobre, humilde, despojado e inserido.
Viveu o Mistério da Cruz, pois experimentou a dor como preço de um grande amor
revolucionário e libertador pelas pessoas e por grandes causas, sendo um homem
'crucificado'. Viveu o Mistério da Eucaristia, tanto na sua admirável e
profunda comunhão com Deus, quanto se doando na caridade, sendo um homem dado
em alimento aos famintos do povo que luta, labuta e sofre.
Casaldáliga,
pai dos pobres, missionário incansável, bom samaritano desse século. Lutou em
favor da Vida ameaçada e ferida… contra a injustiça, a opressão, a exploração e
a violência, sendo, ao mesmo tempo, uma pessoa de paz e uma luz de esperança.
Comunista? Subversivo? Não. Só foi humano… e um humano exemplar.
Nosso
irmão Pedro foi sempre uma referência para nós: pelo seu testemunho de vida,
pela sua opção pelos pequenos e pobres, pela sua defesa dos povos indígenas e
trabalhadores, e pela sua proximidade e compromisso com tantos outros sofridos
de nossa terra. Seu legado permanecerá vivo e eficaz no meio de nós, fazendo um
bem enorme à Igreja. Defensor dos direitos humanos, assumiu o espírito do
Concílio Vaticano II, sendo promotor da justiça, grande proclamador da
fecundidade do sangue dos mártires, uma presença irradiante nos Intereclesiais
das CEBs e uma voz sempre profética nas Assembleias Gerais da CNBB. Além disso,
seus escritos e poemas revelam a grandiosidade da sua alma, a intuição do seu
coração humano, o seu amor e a sua dor, bem como o eco do grito dos sofridos,
oprimidos e esquecidos".
Que
sejamos solidários aos nossos irmãos indígenas em sua lutas pelos direitos
humanos à vida com dignidade e à terra.
FONTES:
Vatican News (https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2020-08/celam-inclusao-respeito-protecao-povos-indigenas.html)
e CNBB Oeste 2 (https://www.cnbbo2.org.br/nota-de-pesar-dos-bispos-do-mato-grosso-pela-perda-dom-pedro-casaldaliga/)