Informação Especial - 21/08 - Leigos e Leigas na Sociedade
Leigos
e leigas na sociedade
Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta
No
Ano Vocacional Diocesano, o quarto domingo de agosto, nos convida a aprofundar
a vocação do laicato. A Igreja é, por excelência, laical porque todas as
vocações e ministérios são laicais, visto que sua origem é sempre a mesma: o
nosso batismo. Dele brotam todas as vocações. Parte-se das intuições
fundamentais do Concílio Vaticano II, quando afirma: “É própria e peculiar dos
leigos a característica secular. […] Por vocação própria, compete aos leigos
procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as
segundo Deus” (LG 31). Temos duas realidades complementares, o batizado na
comunidade de fé e o leigo presente nas realidades humanas. A primeira
realidade está mais contemplada. Temos muitos e, na maioria das vezes, bons
leigos e leigas. Participam das comunidades, conselhos, ministérios, grupos,
movimentos e serviços. São homens e mulheres, crianças, jovens e idosos. Porém,
a grande questão se situa na sua presença como “sal da terra” e “luz do mundo”
(cf. Mt 5,13-14). O referido documento da Conferência Episcopal assim fala: “Os
cristãos leigos e leigas que vivem sua fé no cotidiano, nos trabalhos de cada
dia, nas tarefas mais humildes, no voluntariado, cuja vida está escondida em
Deus, são o perfume de Cristo, o fermento do Reino, a glória do Evangelho. Eles
se santificam nos altares do seu trabalho: a vassoura, o martelo, o volante, o
bisturi, a enxada, o fogão, o computador, o trator” (CNBB, Doc. 105, n. 35).
A
grande questão de toda a atuação social da Igreja é seu ponto de partida. Ele é
único: Jesus Cristo e seu evangelho, conforme a orientação do Magistério. Os
leigos ligados às diversas instituições católicas trazem consigo a clareza que
deverão sempre conhecer e aprofundar as fontes, de maneira integral, de nossa
fé. Nunca se pode escolher alguns textos e outros não, algum Papa e outros não.
Todos formam a visão integral, a antropologia e, consequente, sociologia da
visão cristã. De fato, só há uma Igreja, aquela da comunhão como nosso Papa e
os bispos. Isto não significa que não possamos ter outras ideias. Claro que
podemos, mas no essencial é preciso estar todos de acordo. Difícil quando se
criam pontos difíceis, com opiniões que não são nem bíblicas e nem do
magistério. Já disse nosso Papa Francisco que devem-se evitar os radicalismos
ideológicos, visto que eles não pensam o bem da humanidade, mas usam a
humanidade em vista de si mesmos.
Então, de maneira prática, um leigo cristão deverá sempre se nutrir com
uma intensa vida de oração, a partir da Palavra. Ela deve ser cotidiana e
seguir os ensinamentos do Magistério. Não podem se afastar da comunidade de fé
os que partem para a representação política. Neles a comunidade deve se ver
espelhada, nos valores que vivem e defendem. O leigo deverá defender e promover
sempre a vida humana. Ao tomarmos a questão do aborto ou a questão do
sofrimento terrível dos pobres, o empenho e a dedicação devem ser a mesma.
Olhará a realidade dos agricultores, da defesa das mulheres, da necessidade do
estudo para nossos jovens ou de todo o meio ambiente, obra de Deus. Deverá,
porém, partir de um ponto claro: o olhar e a postura preferencial de Jesus Cristo
pelos mais sofredores, pelos pobres, que mais precisam. Isto não é ideologia,
isto é evangelho. Esta postura nunca deve ser negociada. Toda vez que alguém se
posiciona como cristão, deve ter este olhar diante de si. Cuidemos para que os
pontos centrais da Doutrina Social da Igreja e do Catecismo da Igreja Católica
estejam presentes: uma correta antropologia da vida que vem e caminha para
Deus; o pecado e a redenção; a vida sacramental; o bem comum; a dignidade da
pessoa humana; a liberdade e a igualdade de todos.
Parabéns
a nossos leigos e leigas. Confiamos em vocês na construção de um mundo melhor,
com coragem, equilíbrio e discernimento.