Crônica da Semana - Caridade, a essência do cristão
Caridade, a essência do cristão
Eduardo da Silva - Teddy
Membro da PASCOM - Paróquia Imaculada
Assim é o sentido da
caridade, generosidade e solidariedade anunciado no Evangelho. Supera o simples
assistencialismo físico, é na verdade a espiritualidade primária do cristão.
Refinando minha
comunicação preferi acrescentar a palavra “cristã” como adjetivo a elas. Penso
que torna mais específico “Caridade cristã”, “Generosidade cristã” e
“Solidariedade cristã”, diferenciando de outras práticas.
Por primazia a caridade
cristã escolhe a pessoa e não o culto ou rito. Compreendo então que essa foi a
vivência de Jesus, em todos seus milagres e em todos seus momentos.
Pensemos no início de sua
vida pública, em seu primeiro milagre nas bodas de Caná. A matéria foi a
transformação da água em vinho, mas o milagre foi a solidariedade cristã aos
recém-casados. A preocupação da mãe com a possível vergonha de quem recebia os
convidados.
Convido a olhar diferente
para multiplicação dos pães, esse foi o gesto concreto, mas o milagre foi a
generosidade cristã em repartir. Aquela multidão que seguia Jesus não era a
mesma que frequentava o templo sagrado, eram sim os excluídos da religião da
época.
A assistência material
corrige momentaneamente uma situação vulnerável. A Solidariedade cristã opera milagres e esses milagres curam a alma!
Com esse ponto de vista,
faz sentido no meu coração o versículo em João 14:12 - "Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará
também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para
junto do Pai."
Lendo assim logo
imaginamos que podemos curar cegos, leprosos e aleijados, isto porque temos
foco na matéria e no gesto concreto. Com sutil diferença podemos ver de outra
forma. Pequenos gestos com foco nas pessoas podem curar almas, em nossa
comunidade, no dia a dia da família, no futebol de final de semana, na
academia, no trabalho ou em qualquer lugar.
Vejam que simples...
Lembro-me de dois
momentos no grupo de jovens JFF na Igreja Fátima quando ajudamos a equipe de
liturgia da missa da juventude. Naquela época não havia ministros da palavra e
convidavam-se os leitores da liturgia minutos antes da missa. Era comum
convidar pessoas assíduas naquele horário de missa. Mesmo se a pessoa não
ficasse à vontade de ler em público e recusasse, era um afago na alma o convite
de integrar a comunidade mais de perto. O objeto era ler, mesmo sem perfeição,
mas promover a participação era cativante.
Segundo momento. Alguns
jovens e coroinhas chegavam mais cedo para a missa, sentavam-se nos bancos
aleatórios e salteados. Assim que começava a celebração eles se levantavam e
ofereciam seu lugar no banco para quem tinha necessidade de sentar, como idosos,
mães com criança ao colo ou grávidas.
Um gesto desse de carinho e generosidade cristã toca o
coração de quem foi buscar um alento para a alma. É acolhedor!
Recordemos outros
momentos da vida pública de Jesus, mas com olhar na pessoa. Lembram-se do chamado
de Pedro? A pesca milagrosa foi a matéria.
“Então, Jesus disse a Simão: Não temas; doravante serás
pescador de homens”.
(Lc, 5:10b) Um pescador simples, judeu sim e com todos seus preceitos, mas não
tinha as posses nem era da elite religiosa do templo. O milagre foi a
transformação da vida deste homem, que tocou tão profundamente o coração de
Pedro que ele se tornou o primeiro Papa da igreja. Tempos mais tarde em Atos
3:6 Pedro retribui “Não tenho prata nem
ouro; mas o que tenho te dou…” Pedro aprendeu e a Igreja nos convida a
imitar Jesus. O objeto da caridade cristã não é maior que a pessoa necessitada.
Um gesto concreto de solidariedade cristã promove um milagre
e o milagre restaura a vida!
Caridade cristã não é
assistencialismo. Doar uma cesta básica pode ou não ser assistencialismo. Claro
que em situação de necessidade, pode ser um grande auxílio em momentos de
fragilidade material. Quem dera se a doação curasse a alma e transformasse a vida.
Quem dera que o gesto concreto trouxesse mais dignidade ao próximo e não
vivesse mais em privação.
A generosidade cristã é
diferente de comunismo, assistencialismo e do socialismo, mas são as ideias que
mais se aproximam do cristianismo. Porém, quem faz a caridade pensando só no
gesto concreto alcança somente glórias terrenas.
“Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de
ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados
pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.” Mt 6:2
Jesus é mestre do amor
ágape, da caridade, coração aberto, sem preconceito ou julgamento. Olhar puro,
observador e perspicaz em roubar corações. Sabe ouvir com serenidade e responde
sempre com generosidade.
Esse tema me leva ao
episódio da ressurreição de Lázaro.
O gesto concreto é
impressionante e inimaginável nos dias de hoje. Um fato quase impossível de se
repetir, mas o milagre possível de realizar.
O milagre de restaurar a
alma das irmãs de Lázaro. Ouvir o clamor e sentir no fundo do coração aquela
perda. Chorar junto, sofrer junto, viver o luto. Jesus sentiu tão profundamente
a dor que elas sentiram, que a Bíblia diz que Ele chorou. (Jo 11:33-35)
A solidariedade cristã
para com famílias em luto é indescritível e confortante. Ficar disponível,
estar próximo e rezar juntos nesses momentos repete o milagre de Lázaro.
A caridade, a solidariedade e a generosidade são próprias do
cristão.
Aqui não contei nada de
novo, partilhei e estimulei um olhar diferente. Provoco o leitor, sempre que
ler e ouvir um milagre de Jesus, identificar o que é o gesto concreto e qual é
o milagre da transformação na vida da pessoa.
Inspira-me desde a
juventude a primeira carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 13, 1-13.
Assim como inspirou o cantor
popular e também o compositor cristão.
Convido a ler de novo o
texto I Cor 13, 1-13* e sugiro ouvir a música católica interpretada pelo grupo
Mensagem Brasil - https://youtu.be/iY4RCzyirTc
Fonte: https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/i-corintios/13/